Folha de S. Paulo


Alteração hormonal da gravidez agrava infecção pelo vírus H1N1

A presença do vírus H1N1 potencializa uma desregulação do sistema imunológico causada pelas mudanças hormonais em mulheres grávidas, aponta estudo conduzido por cientistas da Índia, Estados Unidos e Brasil.

A pesquisa, publicada recentemente no periódico de medicina "International Journal of Health & Allied Sciences", foi realizada com amostras de sangue de mulheres grávidas infectadas pelo H1N1, voluntárias grávidas saudáveis e outras não grávidas e saudáveis.

O aumento no número de anticorpos –consequência do aumento hormonal– já era esperado em mulheres que estão esperando um bebê. A novidade no estudo, segundo Marcello Bossois, imunologista e um dos autores da pesquisa, foi o número ainda maior de anticorpos encontrado nas grávidas infectadas pelo H1N1.

De acordo com o médico, o aumento dos anticorpos faz o sistema imunológico funcionar de forma errada e causa um desequilíbrio: aumenta a quantidade de células responsáveis pelo processo alérgico e as células responsáveis pela defesa do nosso organismo têm seu número reduzido. Essas células, em situações ideais, precisam existir em números parecidos.

Para Bossois, os resultados indicam não só a capacidade de a gravidez em bagunçar o sistema imune, mas também de agravar a ação viral, permitindo o agravamento das complicações respiratórias.

Com o sistema imunológico ainda mais debilitado pela desajuste durante a infecção, as grávidas ficam mais susceptíveis às complicações alérgicas que desencadeiam problemas como asma, bronquite, sinusites, entre outros.

Bossois diz que não há impactos imediatos no tratamento, mas que processos alérgicos precisam ser tratados ainda antes da gravidez para evitar maiores transtornos.

"Agora que já conhecemos o mecanismo que agrava a infecção, o caminho está aberto para descobrirmos formas de controlar a desregulação do sistema imunológico em grávidas infectadas pelo H1N1", conclui o médico.

Até o dia 11 de abril (data do último boletim epidemiológico disponível) havia registro de mais de mil casos e de 152 óbitos causados pelo subtipo H1N1 do vírus da influenza no Brasil.


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