Folha de S. Paulo


Falta de recursos para pesquisa de zika afeta laboratórios

O avanço nas pesquisas contra o vírus zika esbarra na falta de recursos. A situação, antes alvo de crítica principalmente por universidades brasileiras, já afeta laboratórios de referência ligados ao Ministério da Saúde.

Desde a identificação do vírus em amostras de pacientes do Rio Grande do Norte (descoberta que ajudou a confirmar a circulação do zika no país), pesquisadores do Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz do Paraná, buscam um teste avançado do vírus.

A ideia é desenvolver um teste sorológico do vírus zika, capaz de detectar rapidamente anticorpos do vírus até meses e anos após a pessoa ser infectada, a chamada "assinatura imunológica".

Mas não há recursos para financiar a pesquisa do laboratório, que também atua como "sentinela" –ou seja, é uma das 27 unidades credenciadas para receber amostras de pacientes capazes de confirmar infecções por vírus ligados ao Aedes aegypti, como o zika.

"A situação é crítica. Estamos trabalhando na pesquisa com material emprestado do Rio de Janeiro", diz a virologista Cláudia Duarte.

Situação semelhante vive o também virologista Gúbio Soares, da Universidade Federal da Bahia. Após sua equipe verificar o zika pela primeira vez em amostras de pacientes de Camaçari, na Bahia, o grupo continua as pesquisas por conta própria.

"Estamos em busca de editais, mas a seleção demora", afirma. "Continuamos o trabalho com apoio de outros laboratórios que nos dão material", diz Soares.

Questionado, o Ministério da Saúde não respondeu sobre o caso.

-

Editoria de arte/Folhapress
TRANSMISSÃO INTRA-UTERINA Nova análise confirma que o vírus é capaz de atravessar a placenta

TRANSMISSÃO INTRA-UTERINA
Nova análise confirma que o vírus é capaz de atravessar a placenta

1) A paciente
O laboratório recebeu amostras da placenta de uma paciente do Nordeste que sofreu um aborto na 8ª semana de gestação após relatar sintomas de zika

2) Exames
Foram feitos exames que confirmaram a infecção por flavivírus (gênero que inclui vírus de doenças como dengue, febre amarela e zika)

3) Na placenta
Exames de diagnóstico molecular identificaram a presença do genoma do vírus zika na placenta. Outro teste mostrou inflamação da placenta, o que indica que o vírus rompeu essa barreira

4) Células
O vírus foi localizado em células de Hofbauer, que atuam na manutenção da placenta e defesa do bebê. Essa célula poderia carregar o vírus, funcionando como um cavalo de Troia


Endereço da página: