Folha de S. Paulo


Após tirar mamas, Angelina Jolie remove ovários para evitar câncer

A atriz e cineasta Angelina Jolie, 39, anunciou nesta terça (24) a remoção de seus ovários e das tubas uterinas como uma maneira de prevenir o câncer. Em 2013, pelo mesmo motivo, ela já tinha removido as suas duas mamas.

Jolie possui uma uma cópia defeituosa do BRCA1, um dos genes responsáveis por suprimir o aparecimento de tumores no tecido mamário e também em outros órgãos, como ovários e intestino.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
Angelina Jolie

É provável que ela tenha herdado tal gene de sua mãe, que, assim como uma tia e a avó materna, morreu de câncer. Com essa versão do gene, Angelina teria um risco de 87% de desenvolver câncer de mama e de 50% de desenvolver câncer de ovário.

Um dos principais problemas decorrentes da remoção dos ovários é a menopausa precoce, o que significa maior risco de osteoporose, redução da libido, da lubrificação vaginal e da elasticidade da pele, diz Jacques Tabacof, do Centro Paulista de Oncologia.

Ele diz que no caso do aparecimento de uma mutação, é recomendável que a mulher tenha logo os filhos que deseja e faça um acompanhamento de perto dos ovários. Só após os 35 anos é recomendada a remoção dos ovários.

"É importante ressaltar que, mesmo removendo os ovários ou as mamas, ainda existe um risco residual de ter câncer", diz o geneticista Ciro Martinhago. "O câncer é uma doença multifatorial. Pode haver influência de outros genes e de outros fatores, como alimentação e ambiente."

"Eu não fiz isso [remoção dos ovários] apenas porque eu tenho uma mutação", escreveu Jolie em artigo no jornal "The New York Times". "Um resultado positivo para o BRCA não significa que uma cirurgia seja necessária. É preciso avaliar as opções."

Entre elas, estão o rastreamento contínuo desde cedo de possíveis tumores, mudanças no estilo de vida, terapias com medicamentos e até quimioterapia preventiva.

Quando Jolie retirou as mamas, muitas pacientes com câncer mamário procuraram médicos para perguntar sobre o método, diz Evanius Wiermann, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. "Foram meses só para justificar as escolhas do tratamento para as pacientes, que são rigorosamente iguais no Brasil e nos EUA."


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