A Síndrome da Enterocolite Induzida Por Proteína Alimentar (FPIES na sigla em inglês) é uma reação alérgica do sistema gastrointestinal. Nos recém-nascidos, é desencadeada principalmente pelo leite de vaca e de soja.
Nas crianças que já comem alimentos sólidos, há relatos de arroz e aveia, por exemplo, também provocarem a alergia. Normalmente começa no primeiro ano de vida. Os sintomas surgem duas horas após a ingestão do alimento.
"Começa com vômitos em jatos num volume muito grande. Depois de seis a oito horas vem a diarreia num volume extraordinário", relata a médica Clarice Blaj Neufeld, professora de gastroenterologia infantil da Santa Casa de São Paulo.
Segundo ela, os sintomas são tão intensos que a criança fica desidratada muito rapidamente. "Fica letárgica, a pressão cai, entra em choque e pode morrer se não chegar rapidamente ao hospital."
Essa gravidade dos sintomas é o que diferencia esse tipo de alergia alimentar das demais. Não existe um teste específico que a detecta. Segundo a médica, o diagnóstico é clínico.
Depois do primeiro episódio, é preciso esperar de 18 a 24 meses para fazer o teste de provocação. Ou seja, expor novamente a criança ao alimento e observar como ela reage. Só aí é possível ter certeza que se trata de FPIES.
"Os médicos dos pronto-socorros precisam saber que existe essa alergia quando receber uma criança com diarreia e vômitos abundantes, desidratada e hipotensa."
Evitar terminantemente o alimento causador da alergia é a conduta a ser seguida, segundo Clarice. Uma dieta hipoalergênica com leites especiais (fórmula à base de aminoácidos livres ou fórmula à base de caseína extensamente hidrolisada, por exemplo) pode ser indicada.
Em média, de 60 a 90% das crianças com FPIES superam o problema até os três anos, mas também há relatos dele continuar até a adolescência.
Os estudos sobre essa alergia começaram a ser publicados na última década e ainda há muitas perguntas sem respostas. Uma delas é sobre os fatores biológicos da criança que podem desencadeá-la.