Folha de S. Paulo


Laser e fitoterapia são usados contra calvície, mas carecem de comprovação

A guerra contra a calvície ganhou novas armas. Além dos medicamentos de uso tópico e oral, agora terapias a laser, aplicação de substâncias estimulantes e testes de DNA entraram para o arsenal dos tratamentos antiqueda.

"Em três meses já senti diferença. O volume de cabelo aumentou", diz Daniel Alcoforado Pereira, 29, técnico em informática. Ele toma remédio e faz sessões de laser com a aplicação de fatores de crescimento sintéticos que estimulam os bulbos capilares.

Apesar dos casos de sucesso, as novas terapias ainda dividem os especialistas.

Editoria de Arte/Folhapress

"O tratamento clássico, só com medicamentos, tem sucesso em até 70% dos pacientes na redução da queda e no engrossamento dos fios. Nossa percepção é que com as novas terapias essa taxa de sucesso aumenta, mas não podemos dizer o quanto", afirma Denise Steiner, presidente da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

Já para Luciano Barsanti, médico diretor do Instituto do Cabelo, em São Paulo, "90% dos pacientes" conseguem ter resultados com o tratamento. Sua receita inclui, além do laser e dos tais fatores de crescimento, xampus que combatem a oleosidade, anti-inflamatórios contra dermatite seborreica, medicação de uso tópico, o minoxidil, e fitoterápica, a Serenoa repens.

A planta é usada no lugar da finasterida, droga mais popular contra a calvície e que impede a formação do hormônio DHT, derivado da testosterona e relacionado com a calvície de origem genética. Em cerca de 2% dos pacientes, porém, a finasterida tem efeitos colaterais como redução da libido e impotência.
"A Serenoa tem a mesma ação da droga, mas sem o risco dos efeitos colaterais. Acompanhei 1.500 pacientes e 82% responderam ao fitoterápico", diz Barsanti.

Steiner afirma que não há estudos conclusivos sobre a planta. "A Serenoa é uma alternativa, sim. Mas é bom lembrar que só a minoria dos homens tem efeitos colaterais com finasterida."

Assim como acontece com o fitoterápico, o sucesso dos fatores de crescimento é comprovado mais pela observação do que pela ciência.

"Prefiro não usar ainda, mas vejo como algo promissor", diz o dermatologista e cirurgião Arthur Tykocinski.
Segundo ele, a substância pode agir nas células-tronco do bulbo capilar, estimulando o crescimento dos fios. É a mesma proposta de outra terapia usada na Europa, que aplica plaquetas do sangue do paciente como fator de crescimento. No Brasil, o uso das plaquetas só é permitido em caráter experimental.

A aplicação do laser já tem efeitos mais conhecidos. "Ele acelera a reparação celular e aumenta a circulação do local, ajudando a combater a queda dos fios e dermatites do couro cabeludo", diz a dermatologista Inaê Cavalcanti.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Daniel Alcoforado Pereira, 29, faz trata a calvície com remédios, laser e injeções no couro cabeludo
Daniel Alcoforado Pereira, 29, faz trata a calvície com remédios, laser e injeções no couro cabeludo

Sozinhos, nenhum dos novos tratamentos resolve o problema, afirma a dermatologista Karla Assed. "Fazemos um 'combo' de terapias para aumentar a chance de melhora. A calvície tem muitas causas. Além da genética, estresse e oleosidade do couro cabeludo atrapalham."
Já existem testes de DNA para avaliar o peso da genética em cada caso. A terapeuta capilar Patrícia Maciel faz esse tipo de análise desde o começo deste ano.

"Coletamos saliva do paciente. O teste mostra se ele tem baixo, médio ou alto risco de desenvolver calvície de origem genética."

A análise custa R$ 1.300 e não é unanimidade. "O diagnóstico clínico é suficiente", diz Denise Steiner.
Mas em um ponto todos concordam: quanto antes a pessoa começa o tratamento, melhor. O economista Pedro Madueno, 29, procurou um especialista quando percebeu os primeiros sinais da calvície. Há cinco anos, toma remédio e faz terapias de consultório. "Não sei qual das coisas faz efeito, mas que funciona, funciona."

Em casos avançados, a única solução pode ser o transplante de fios, procedimento cirúrgico. "Por enquanto, é o único tratamento definitivo", diz Tykocinski.


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