Folha de S. Paulo


Derivado da maconha melhora qualidade de vida no parkinson

Um novo estudo da USP de Ribeirão Preto demonstrou que o canabidiol (CBD) é eficaz para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar geral de pacientes com a doença de Parkinson.

O trabalho foi publicado no "Journal of Psychopharmacology", da Associação Britânica de Psicofarmacologia.

A pesquisa avaliou durante seis semanas 21 pessoas com diagnóstico de doença de Parkinson, sem demência ou problemas psiquiátricos.

Elas foram divididas em três grupos: um recebeu placebo (óleo de milho), o outro recebeu 75 mg de CBD por dia e o terceiro 300 mg -ambos dissolvido em óleo de milho.

O estudo foi duplo-cego, ou seja, nem os pacientes nem os profissionais que os acompanharam sabiam a que grupo cada pessoa pertencia.

Esse é o primeiro estudo desse tipo usando o CBD em pacientes com Parkinson, de acordo com o médico José Alexandre Crippa, da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da USP, um dos coordenadores da pesquisa.

O canabidiol foi fornecido em forma de pó, com 99,9% de pureza, por uma empresa alemã. "Não havia nenhum traço de THC [substância responsável pelos efeitos psicoativos da maconha]", afirma. No período em que usaram o CBD, todos os pacientes e seus familiares relataram melhoria de vários sintomas (motores e não motores), em diferentes escalas.

"Isso foi significante para os que receberam 75 mg de CBD por dia e ainda maior para os que receberam 300 mg por dia." No grupo que usou placebo, não foi relatada melhoria dos sintomas.

Durante o período do estudo, os doentes continuaram tomando os remédios convencionais para o Parkinson.

Crippa explica que outra vantagem do composto foi a ausência de efeitos colaterais, como alucinações, náuseas, delírios e complicações motoras, observados nos medicamentos tradicionais.

Também não foram relatadas variações de humor comuns em quem utiliza remédios para controle dos sintomas não motores da doença, como depressão e ansiedade.

Crippa diz que ainda não é possível saber se, após o estudo e, consequentemente a interrupção do uso do CBD, os pacientes voltaram a apresentar os sintomas de antes.

Segundo o médico, outros estudos já demonstraram os benefícios do CBD em pacientes com Parkinson, o que justificaria a autorização da sua prescrição pelos conselhos de medicina e pela Anvisa.


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