Folha de S. Paulo


Queixa de perda de memória aponta risco de demência

Quem se queixa de falta de memória e acha que está ficando com doença de Alzheimer pode estar certo.

Um estudo recente de cientistas da Universidade de Kentucky mostrou que pacientes que reclamavam das falhas de memória tinham uma chance quase três vezes maior de ter demências do que aqueles que não apresentavam esse tipo de queixa.

Foram selecionados 531 pacientes com, em média, 73,2 anos, saudáveis e cognitivamente "intactos". A ideia foi acompanhar os pacientes ano a ano, fazendo uma simples pergunta: "Você notou alguma mudança de memória desde a última consulta?".

O estudo batiza as respostas positivas como "queixas subjetivas de memória" (SMC, na sigla em inglês). Dos pacientes, mais da metade (55,7%), apresentaram SMCs.

As primeiras queixas demoraram em torno de 8,3 anos de para ocorrer.

Dos pacientes avaliados, 17% tiveram demência. E, desses, 80% tinham apresentado as queixas de memória.

Durante a autópsia de pacientes com SMCs, foi visto que seus cérebros tinham acúmulo de placas neuríticas e de novelos neurofibrilares, características típicas da doença de Alzheimer.

Esses acúmulos foram vistos inclusive nos casos em que o paciente morreu sem ter desenvolvido demência, apesar de apresentar SMC.

Segundo os autores do estudo, médicos devem estar atentos e procurar por SMCs em seus pacientes, pois o conhecimento dessas queixas pode dar indícios da evolução clínica do paciente, permitindo a adoção de estratégias preventivas contra demências.

Já para a população, os autores dizem que não há motivo para alarde, já que, mesmo com a presença das queixas, a chance de o paciente morrer sem desenvolver demência é muito grande.

O estudo foi publicado na revista científica americana "Neurology".


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