Folha de S. Paulo


Mistura de luta e treinamento funcional ganha força nas academias

Depois da invasão das lutas nas academias, embalada pelo sucesso das competições de MMA (artes marciais mistas) na TV, a modalidade vive uma nova fase, na qual é combinada com movimentos de outros esportes.

A união que mais ganha força é a do treinamento funcional –outro sucesso entre os alunos– com o MMA. Quem aderiu à nova "luta funcional" quer perder peso e tonificar os músculos, mas não abre mão das lutas.

Danilo Verpa/Folhapress
A estudante de direito Stella Mares Fujita, 23, faz aula de funcional thai em São Paulo
A estudante de direito Stella Mares Fujita, 23, faz aula de funcional thai em São Paulo

A mistura do treinamento funcional com a luta, segundo seus adeptos, deixa a aula mais completa. No primeiro, o praticante faz exercícios aeróbicos, de força e de flexibilidade. O treino se baseia em movimentos "naturais" e inclui agachamentos, pulos, corridas e acessórios como bola e elásticos.

Já no MMA, há a mistura de várias artes marciais e a atividade é quase sempre feita em dupla, simulando um embate.

A luta funcional trabalha todos os grupos musculares, promove maior gasto calórico e condicionamento físico. E, em geral, evita o contato físico com outros alunos.

Em São Paulo, a academia Pretorian lançou recentemente o funcional thai, que adaptou os movimentos do muay thai, arte marcial tailandesa com golpes ousados.

Luciana Whitaker/Folhapress
Bernardo Santos Pedra, 16, pratica boxe funcional no Rio
Bernardo Santos Pedra, 16, pratica boxe funcional no Rio

Nas aulas, chutes, socos e joelhadas da luta dividem espaço com movimentos de locomoção. A frequência cardíaca é mantida elevada e o gasto calórico pode chegar a mil calorias em uma aula de 60 minutos. Elásticos e bola também se misturam a sacos de pancada.

"O aluno tem uma aula dinâmica com enfoque no condicionamento e na perda de peso", diz Ery Silva, tricampeão brasileiro de muay thai e criador da aula.

A estudante de direito Stella Mares Fujita, 23, trocou a tradicional aula de muay thai pela sua versão funcional. "Com a luta e a dieta, perdi 6 kg em dois meses", diz. "A muay thai é mais centrada no golpe, enquanto a nova aula é mais dinâmica."

No Rio, a rede de academias Team Nogueira, fundada por Antônio Rodrigo Nogueira, o Minotauro, e seu irmão Antônio Rogério Nogueira, o Minotouro, ambos lutadores de MMA, começou a apostar no boxe funcional.

Nessa nova versão do esporte, agachamentos, abdominais e exercícios com bola medicinal, que pode chegar a 10 kg, completam a prática de golpes. Os socos dificilmente são dirigidos contra um colega de turma.

O estudante Bernard Pedra, 16, chegou a perder 30 kg em 10 meses com boxe funcional, musculação e dieta equilibrada. Antes, praticava jiu-jitsu. Ele conta que escolheu o boxe funcional para se motivar e emagrecer.

SÓ PARA MULHERES

A academia dos irmãos lutadores também passou a oferecer a aula "ladies camp". Pneus, barras e sacos de boxe são alguns dos suportes no treino de circuito para mulheres que mistura exercícios localizados e aeróbicos com golpes de MMA, muay thai, boxe e outras lutas.

"É um jeito de trazer motivação, treino de força e velocidade", diz Warner Hammerle, coordenador da Team Nogueira na zona oeste do Rio.

Depois de praticar musculação, a advogada Daiane Brandão, 28, optou pelo "ladies camp". "Engordei muito e estava cansada da rotina de aparelhos da academia", diz. Junto com a dieta, Daiane perdeu 12 kg com a prática em três meses.

Luciana Whitaker/Folhapress
Daiane Brandão, 28, em circuito da aula
Daiane Brandão, 28, em circuito da aula "ladies camp"

Outro lutador de MMA que se aventurou pelas aulas de lutas em academias é José Aldo. Ele se aliou a Orlando Folhes, seu preparador físico, para levar seu treinamento a outras pessoas.

O AldoFit simula um ciclo do treino do atleta. A prática possui oito etapas que incluem coordenação e condicionamento aeróbico, força, equilíbrio, exercícios de potência, flexibilidade e atividades recreativas com luta.

Ao fim de um ciclo, o praticante pode recomeçar as fases. "Também é possível permanecer em uma, dependendo do objetivo", diz Folhes.

De acordo com especialistas, lutas não competitivas oferecem menor risco de lesões, desde que feitas moderadamente.


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