Folha de S. Paulo


Número de drogas sintéticas cresce rapidamente e dificulta combate, diz ONU

O sistema internacional de controle de drogas é insuficiente para conter o avanço das drogas sintéticas, preveniu Relatório Mundial sobre as Drogas de 2013. Segundo o documento, o número de "drogas legais" (ou "legal highs", como são chamadas em inglês) disponíveis no mercado cresceu e ultrapassou a quantidade de substâncias proibidas sob controle internacional.

O relatório publicado pela ONU nesta quarta-feira em Viena faz um alerta contra o fenômeno global de desenvolvimento de novas substâncias psicoativas. "É um problema alarmante. Essas drogas são legais. Elas são vendidas abertamente, inclusive pela internet, mesmo sem ter sido testadas e poderem ser até mais perigosas que as drogas já conhecidas", explicou Yury Fedotov, diretor executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).

Os EUA, onde 11% dos jovens de 17 e 18 anos dizem já ter experimentado essas substâncias, são o país mais afetado pelas novas drogas. Esses entorpecentes, vendidos de forma legal, ficam apenas atrás da maconha em número de usuários. Na Europa, a porcentagem de jovens que tiveram contato com essas drogas chega a 5%.

No relatório, o Brasil aparece com um aumento no uso da Mefredona e de substâncias naturais como a Salvia divinorum. China, Japão e a Indonésia também informaram a presença dessas substâncias. No continente africano, Angola, Egito e Africa do Sul apontaram aumentos preocupantes dessas drogas no último ano.

Para o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), a rapidez na criação de novas drogas ilegais tornou o sistema internacional de controle de drogas ultrapassado pela primeira vez desde 1961, quando foi criado. O documento alerta que a nova geração de drogas, normalmente vendidas on-line, pode ser ainda mais perigosa do que a cocaína ou a maconha, que permaneceram estáveis no mercado ilegal.

O documento alerta ainda que por serem conhecidas popularmente como "sais" ou "tempero", os jovens são levados a acreditar que estão consumindo substâncias com pouco risco à saúde. Mas os efeitos adversos e o potencial viciante dessas substâncias não são conhecidos.

Nesta semana, o G8 publicou acordo de combate às drogas legais. O documento prevê troca de informações sobre o comércio dessas substâncias e as efeitos na saúde pública.


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