Folha de S. Paulo


Ivaldo Bertazzo dá aula-palestra sobre seu método de reeducação do movimento

O coreógrafo e educador Ivaldo Bertazzo havia avisado que ia fazer o público se levantar das cadeiras hoje, 9 de abril, durante evento organizado pela Folha, no qual apresentou alguns princípios de seu método de reorganização do movimento.

Cumpriu o prometido. Fugindo do formato tradicional das sabatinas, Bertazzo preferiu ficar de pé e deu uma espécie de aula-palestra no Teatro Folha.

Funcionou: se é para falar de gestos, usar conscientemente a linguagem corporal é uma forma bem eficaz de demonstrar teorias e técnicas, como as apresentadas no livro que o educador acaba de lançar, "Cérebro Ativo" (Edições Sesc/Manole, 272 págs., R$ 180), sobre movimentos corporais que estimulam o funcionamento cerebral.

Zé Carlos Barreta/Hype/Folhapress
Ivaldo Bertazzo em seu apartamento, no bairro de Higienópolis, São Paulo
Ivaldo Bertazzo em seu apartamento, no bairro de Higienópolis, São Paulo

No lugar de entrevistadores e entrevistados trocando perguntas e respostas, cada um em sua poltrona, a exposição das ideias foi feita por meio de imagens no telão e de exercícios inusitados que a plateia foi convidada a experimentar.

O público aprendeu a escovar as mãos ou a nuca para acordar articulações e músculos, a elevar um bastão para perceber o volume da caixa torácica, a se afastar do encosto da poltrona para alongar o tronco e a sentir o apoio dos pés.

Enquanto a plateia repetia, de bom grado, as atividades demonstradas no palco, Bertazzo explicava, resumidamente e de forma "singela" (como ele gosta de dizer), princípios de anatomia e fisiologia, ilustrados por imagens como a da teia de músculos que sustenta a coluna vertebral, projetadas no telão.

A teoria aplicada na prática serviu também para desfazer alguns mal-entendidos (ou mal-explicados) conceitos corporais, como a confusão entre relaxar e "desabar" a postura, sem fazer as contrações musculares necessárias para sustentar a postura e vencer o achatamento provocado pela força da gravidade.

E também para fazer graça com uma tendência mistificadora dos cultos alternativos do corpo: por exemplo, conceitos genéricos sobre "fluxo energético", que Bertazzo traduziu como o aumento da circulação sanguínea no corpo e o estímulo sensorial de circuitos nervosos, ou a mania de relacionar qualquer dor na planta do pé com um problema em algum órgão --quando isso pode ser causado simplesmente pelo fato de quase nunca andarmos descalços.


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