Folha de S. Paulo


Para adepta da fralda de pano, mães adotam a descartável por imediatismo

"É mais fácil, eu não tenho dor de cabeça, mas e o futuro? O que você espera depois com esse monte de lixo no planeta?", questiona Priscila de Luccia, que fez questão de usar fralda ecológica antes mesmo de saber que estava grávida.

Para ela, além da economia de dinheiro e de lixo, a versão de pano é mais confortável. "Ela fica mais limpa, mais cheirosa." Ao evitar os materiais artificiais –também não usa lenços umedecidos e pomadas–, ela garante uma pele livre de assaduras.

Os produtos utilizados por Priscila, que também é adepta do absorvente de pano, são da Morada da Floresta, que ela conheceu em um dos grupos que participa na internet em busca de alternativas mais sustentáveis.

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Priscila, além de pensar no futuro do planeta, pensa no de sua filha. "Se você educar de uma forma mais sustentável, ela também vai ser uma agente para cuidar desse planeta do futuro."

Leia seu depoimento à Folha.

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Participo de vários grupos na internet buscando alternativas mais sustentáveis. Num desses grupos surgiu a fralda de pano, e meu primo, quando teve o bebê, chegou a usar também. Aí eu conheci o Morada da Floresta.

Visitava o site e achava lindas as fraldas já desde antes de engravidar.

Na época da gestação, visitei pessoalmente para conhecer os produtos deles direitinho. Ainda não cheguei a usar ainda o coletor menstrual porque engravidei justo no mês que comprei. Depois do parto, falaram para evitar no começo, então uso aquele absorvente de pano.

Para ela, queria as fraldas de pano, ecológicas. Quando fiz o chá de bebê, falei que não queria nada de fralda de descartável, lenços umedecidos, essas coisas artificiais porque irrita a pele do bebê. É mais saudável também.

Nunca tive nenhum problema com as fraldas em relação a ela. Acho que ela fica mais à vontade, pensando na gente mesmo até. O absorvente do Morada da Floresta é mais macio, então acho que fica muito mais confortável para ela até. Ela fica mais limpa, mais cheirosa.

Minha filha nunca teve assadura. Claro, tem um contexto, não é só fralda de pano. Também não uso outros produtos, pomada, lencinho umedecido. Limpo ela com algodão.

COMODIDADE

A outra fralda, você amassa e joga fora. Essa, você tem todo um trabalho de lavar. Mas é um material que é muito fácil. Quando troco ela, na torneira mesmo eu já lavo, penduro e no dia seguinte está seco. Esse trabalho não existe.

Tem que trocar com mais frequência? Tem. No frio, acho que é um pouco mais difícil. Entre trocar o tempo todo e a descartável, no frio, ainda acaba sendo mais difícil a de pano.

Acho que, para uma mãe, você pensa no trabalho, mas pensa a longo prazo também. Você colhe no futuro. As mães acabam preferindo a descartável porque pensam de forma muito imediatista. É o conforto agora.

É mais fácil, eu não tenho dor de cabeça, mas e o futuro? O que você espera depois com esse monte de lixo no planeta? Aí reclamam do tempo, cada vez um calor mais insuportável. Ninguém cuida do planeta e quer milagre, quer que o planeta sobreviva como?

Então acho que é importante pensar isso, sim. Sempre tive duas questões que pensava muito. Primeiro, a questão de economia. A gente economiza dinheiro e economiza lixo. Se eu produzo menos lixo, deixo um planeta melhor para ela viver no mundo.

E segundo, que filha que eu vou deixar para esse planeta. Se você educar de uma forma mais sustentável, ela também vai ser uma agente para cuidar desse planeta do futuro. É uma coisa levando a outra. Um planeta melhor e um filho melhor para melhorar o planeta.

A partir do momento que tenho uma filha, tenho que pensar no futuro dela também, não só no agora. E para essas mães que têm mais dificuldade, acho que é pensar um pouco nisso também.

A gente faz um filho, deixa um filho no mundo, mas e amanhã? Esse filho vai sobreviver como nesse mundo maluco desse jeito? É para preservar.


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