Folha de S. Paulo


"A gente quer olhar para a própria pobreza com uma potência de fazer outras coisas e viver de outro modo"

A comunidade do Coque, localizada na área central de Recife, foi erguida sobre o mangue. "Os próprios moradores aterraram o local ao trazer o lixo para dar solidez aos terrenos alagados. Ali foi o único local onde a maioria das pessoas, vindas do interior do Estado, conseguiram se instalar", diz a jornalista Maria Peixoto, 28.

"Os moradores antigos contam que, desde o começo, foi preciso muita resistência para ficar no local. Pois logo quando o poder público se deu conta de como a área era estratégica, começaram as tentativas de despejo. Para permanecer, eles construíam e reconstruíam seus barracos. A prefeitura derrubava de dia, e os moradores construíam a noite", conta o líder comunitário Cleiton Barros.

Segundo ele, o Coque já perdeu 51% de seu território e centenas de moradores tiveram de se mudar para áreas distantes da cidade. "Hoje, estão cada vez mais ameaçados. Seja por obras de terceiros, seja por obras ditas de interesse público, que não se preocupam com a melhoria da própria comunidade", diz.

Foi dentro desse contexto que surgiu o Coque (R)Existe, uma rede de coletivos que busca dar visibilidade ao que acontece com a comunidade e disputar politicamente pelo direito dos moradores de permanecerem em seus lares.

"Para o poder público, passar um trator em cima das casas dos moradores do bairro é coisa comum, não fere nenhum princípio ético. Para nós, não", diz Peixoto.

A ideia inicial era que o projeto fosse um evento, mas, atualmente, a Rede Coque (R)Existe é formada por mais de 25 coletivos da sociedade civil de dentro e de fora da comunidade que se engajaram no tema.

"Não é uma instituição, não tem identidade jurídica, não concorrerá a projetos de financiamento, não tem vinculação ou pretensões políticas partidárias, não serve de plataforma para nenhum movimento partidário. Coque (R)Existe não tem unidade. É uma multidão!", conta Barros.

"A gente quer olhar para a própria pobreza com uma potência de fazer outras coisas e viver de outro modo."

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