Folha de S. Paulo


"Vou contaminar corações e mentes para esse trabalho crescer"

No começo, a ideia era só manter uma academia privada de boxe instalada na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro.

Mas, ao abrir espaço para jovens da comunidade participarem dos treinos, o professor Raff Gligio se surpreendeu ao ver que eles eram mais empenhados que os alunos pagantes.

Com o conflito entre as favelas, em 2004, Gligio perdeu os clientes e teve que repensar como garantir o funcionamento da academia. Foi então que decidiu investir de vez nos moradores locais. Assim, em 2010, nasceu o Instituto Todos na Luta.

Divulgação
Instituto Todos na Luta, na favela Vidigal (RJ)
Instituto Todos na Luta, na favela do Vidigal (RJ)

"É muito mais que ensinar boxe", diz Julia Chavez Giglio, 25, filha do fundador e, atualmente, diretora do projeto. "Percebemos que nem todos iam ser campeões. Então aumentamos o escopo para atividades pedagógicas, culturais, atendimento social e acompanhamento psicológico. E isso fez os resultados saltarem tanto na área esportiva como na social."

Desde 1993, a iniciativa já atendeu 2.000 crianças e jovens, entre eles o medalhista olímpico Esquiva Falcão, que tinha desistido do boxe, mas, graças ao incentivo do professor, decidiu dar continuidade ao esporte. Hoje, Falcão mora em São Paulo e faz parte de uma família de campeões. Seu pai era lutado, e seu irmão, Iamagushi Falcão, também atendido pelo projeto, é medalhista olímpico.

O instituto treina jovens de 9 a 21 anos e, se o aluno passar para a equipe de Alto Rendimento, pode ficar no projeto até os 34 anos, que é a idade olímpica. No ano passado, 200 moradores da favela tiveram a oportunidade de participar pelo Todos na Luta.

No momento, o projeto passa por reformulações na estrutura, e as atividades com foco no desenvolvimento social e educativo estão paradas. Mas o objetivo é que no futuro possam replicar o modelo em outras comunidades da cidade.

"Eu vou levar isso por aí, contaminando corações e mentes para esse trabalho crescer", diz Giglio. "Esse é o sonho. É o que eu espero."

Até a abertura da Copa do Mundo, o Imagina na Copa vai contar 75 histórias de jovens que estão transformando o Brasil para melhor.

Os vídeos serão publicados no site www.imaginanacopa.com.br e aqui, no Empreendedor Social.

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