Folha de S. Paulo


Revolução Silenciosa

A cada ano, mais e maiores players passam a buscar compreender melhor e ver como podem participar, apoiando, investindo e fazendo negócios com impacto.

É o que fica evidente após a 6ª edição do Fórum Latino Americano de Investimento de Impacto, realizado entre 16 e 18 de fevereiro, em Mérida, no México, uma conferência que também está crescendo a cada ano refletindo a evolução do ecossistema de negócios e investimentos de impacto.

Participaram da última edição organizações como bancos como Deutsche Bank, BBVA e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os governos da Colômbia e do México e grandes empresas como a Cemex (maior conglomerado de cimento no México) e Danone.

O Brasil estava presente com representantes da Vox Capital, ICE, Fundação Telefonica, Sitawi Finanças do Bem, Anprotec, Universidade de St. Gallen, UBS e Impact Hub.

Durante o encontro, Ronald Cohen, líder da força tarefa de finanças sociais do G8, destacou que "no século 19 o setor financeiro só avaliava o retorno dos investimentos, enquanto no século 20 passaram a avaliar retorno e risco, e no século 21 avaliarão retorno, risco e impacto".
Tal processo não tem mais volta. É cada vez mais difícil fazer investimentos sem pensar no impacto que eles geram na sociedade e no meio ambiente.

Muitos fundos de investimento institucionais no mundo assinaram um compromisso com os Objetivos do Milênio (ODM), agenda que vigorou entre 2000 e 2015 e no final do ano pasado foram substituídos pelo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas 169 metas - aprovados na 70ª Assembleia Geral da ONU.

Assim, nos próximos anos os fundos farão a adequação dos seus portfólios gerando uma demanda por investimentos que integrem retorno financeiro e impacto positivo. Isso deixa claro que haverá cada vez mais capital para fazer negócios de impacto.

Ao mesmo tempo, a geração dos "millenials" procura integrar trabalho, bem-estar e impacto. Já existem muitos talentos que antes buscavam trabalhar em grandes empresas e instituições financeiras e hoje querem atuar no ecossistema de negócios e investimentos de impacto.

Nos Impact Hubs no mundo todo chegam diariamente jovens empreendedores, intraempreendedores e outras interessados em fazer um trabalho com significado, algo que integre sua estabilidade financeira com um propósito relevante.

Esse grande volume de pessoas talentosas interessadas em negócios com impacto será fundamental para criar modelos de negócios, identificar estruturas de investimento e fomentar essa nova economia que está emergindo.

Talento e capital são os ingredientes-chave para ampliar e fortalecer um ecossistema.

Agora é o momento para grandes empresas, bancos e governo refletirem como podem contribuir e participar dessa nova economia que valoriza retorno e impacto com uma gestão de risco adequada.

Aqueles que não o fizerem se tornarão obsoletos. No Impact Hub temos trabalhado cada vez com mais empresas, entidades governamentais e outras organizações para ajudar a identificar oportunidades de atuação em negócios de impacto.

Existe muito por fazer na construção de uma nova economia mais sustentável e colaborativa, mas a revolução já começou e há muitas oportunidades para quem quer participar desse processo.


HENRIQUE BUSSACOS, cofundador Impact Hub São Paulo e Florianópolis


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