Folha de S. Paulo


De Serra Leoa a Londres, passando por São Paulo: empreender é a resposta

Enquanto muitos discutem os problemas, reclamam do que não está funcionando ou lamentam que as pessoas poderiam ser mais educadas e o governo menos corrupto, outros trabalham para mudar essas realidades.

Empreender e apoiar empreendedores, por exemplo, são tarefas muito gratificantes.
Nós, do Impact Hub, uma rede global de empreendedores de impacto, estamos apoiando times que vão atuar em países africanos como Serra Leoa, Burundi, Quênia e Congo.

Fiquei impressionado com o time de Serra Leoa. Embora o país ainda viva o trauma de uma guerra civil e a epidemia de ebola, eles encontram força para transformar, arriscar e criar um Impact Hub para dar suporte a centenas de empreendedores que não se rendem à dura realidade e querem transformar o país africano.

Um bom exemplo de negócio que está recebendo apoio em Serra Leoa é o Shine a Light, que trabalha com mulheres de comunidades locais para desenvolver produtos e placas solares criando uma alternativa de renda e uma fonte acessível e sustentável de energia.
Outro negócio que floresce por lá é o River Number Two Initiative, que reinveste o lucro da operação de hotéis na construção e manutenção de escolas.

Um dos desafios para montar um Impact Hub é começar a formar uma comunidade empreendedora. De novo, nossos colegas de Serra Leoa não se curvaram às dificuldades. Como não podem promover grandes encontros no momento em função da epidemia de ebola, eles organizaram um "hackathon", uma maratona virtual utilizando o WhatsApp. Foi a forma como conseguiram envolver muitas pessoas para trabalhar na busca de soluções para os problemas que o país enfrenta.

Ao conviver com pessoas que estão superando desafios como esses em Serra Leoa, começamos a repensar o que podemos alcançar ao conectarmos pessoas no mundo todo comprometidas em gerar mudanças positivas no planeta.

Nossas colegas em Freetown, capital de Serra Leoa, passará a atuar em rede com empreendedores espalhados nos mais de 70 Impact Hubs no mundo. Abre-se assim a possibilidade de encontrar parceiros de negócios para promover exportação de produtos locais ou fazer parcerias com organizações sociais que trabalham com soluções em saúde pública, além de entrar em contato com negócios sociais que promovem o aprendizado de programação entre os jovens ou esbarrar em uma empresa digital que esteja em expansão e tenha interesse em ter um time também no país africano. Enfim, são muitas as possibilidades a serem exploradas.

Muitas querem empreender, mas para ter sucesso na empreitada precisam de conexão, ferramentas e conhecimento. Essa é nossa visão no Impact Hub ao expandir nossa plataforma para conectar todos os indivíduos e organizações com o propósito de cocriarmos um mundo radicalmente melhor.
Começamos em um galpão em Londres, depois montamos o segundo Impact Hub aqui em São Paulo e hoje são mais de 70 comunidades empreendedoras espalhadas pelo mundo, sempre comandadas por líderes locais.

Acreditamos que o impacto positivo no mundo não pode ocorrer de maneira isolada, precisamos de ação coletiva. E o empreendedorismo tem se mostrado uma ótima resposta para os desafios que enfrentamos no dia a dia.

HENRIQUE BUSSACOS, 35, co-fundador Impact Hub São Paulo e de Florianópolis, é formado em administração pela Fundação Getúlio Vargas e tem mestrado em desenvolvimento socioeconômico pela Universidade de Sussex.


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