Folha de S. Paulo


A contribuição do empreendedor social

Vivemos em uma sociedade com ritmo cada vez mais acelerado, onde temos que fazer mais, mais rápido, melhor e por menos. Novos recordes são batidos a cada instante e sempre surgem "benchmarks" ou referências externas que objetivamos alcançar.

Com isso, sobra pouco tempo para nos conhecermos. A busca constante do "ter" nos leva ao esquecimento de tudo que é relativo ao "ser". Passamos pouco tempo conosco e consequentemente reduzimos o nosso autoconhecimento e as nossas chances de crescer, contribuir e inovar, fato que fecha uma imensa janela chamada oportunidade.

Crescer significa buscar novos conhecimentos, desafios e expandir nossa zona de conforto. Contribuir é sinônimo de se doar a alguém ou a uma causa sem esperar algo em troca, sem contrapartidas.

Crescer e contribuir são duas necessidades humanas que garantem a felicidade genuína e duradoura e a tão sonhada realização. São opcionais e, sendo assim, nem todos estão abertos a isso. Exige, também, a retomada do contato com nosso "eu interior", a busca pelo autoconhecimento e encontrar as respostas para as seguintes perguntas: qual é a minha essência? Qual é a minha missão de vida? Como posso ajudar as pessoas? Quais são meus talentos autênticos? E por que é importante falar disso quando falamos em empreendedorismo social?

Temos inúmeros exemplos de pessoas que a partir de um momento de reflexão e conexão com seu "eu interior" lançaram projetos inovadores. Basta conhecer a história dos empreendedores sociais contadas neste site. Todos eles partiram inevitavelmente das necessidades de crescer e contribuir alinhadas aquilo que gostariam de oferecer ao mundo, à sua missão de vida, seus valores e paixões. Inovaram, ganharam seguidores e apoiadores por sua unicidade e estão contribuindo para transformar nosso mundo em um local com equidade de participação e oportunidades e ao qual todos queiram pertencer.

Quando buscamos satisfazer as necessidades de crescer e contribuir, consequentemente alteramos nosso comportamento e nossa forma de pensar. Empresas e organizações do terceiro setor nada mais são do que resultados do que as pessoas pensam. Nesse caso, são os pensamentos de seus fundadores. É isso que traz a autenticidade a seus propósitos.

É certo também que a partir da descoberta de sua essência e missão de vida nascerá algo inovador, pois quando nos conectamos com nosso interior deixamos de lado tudo aquilo que é padrão, que o outro já oferece, que é "case" ou "benchmark" Parte-se para a busca do único aliado às suas paixões, necessidades e valores.

A partir do momento em que você coloca a sua essência e a sua missão de vida em um projeto é que aumentam o número de adeptos e pessoas dispostas a caminhar na direção que ele propõe. É aí que entra a inovação e a janela da oportunidade, então, se abre, permitindo a construção de uma marca autêntica e capaz de transformar de forma congruente vidas ou todo um contexto.

"Trabalhe com aquilo que gosta e não terá que trabalhar um dia sequer na vida" (frase atribuída a Confúcio). É algo essencial para todos aqueles que desejam empreender socialmente.

Vanessa Scaciotta, 35, é MBA em gestão de negócios pela USP (Universidade de São Paulo) e mestranda em administração pela Uninove. Coach, trainer e empreendedora. Sócia da Third - Soluções Integradas e consultora parceira da Merege & Moussallem Consultores.


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