Folha de S. Paulo


Formação empreendedora impacta no mercado de trabalho

Dentro de uma conjuntura de mercado cada vez mais competitiva e com expectativas cada vez maiores, a ausência de capacitação em "soft skills", a falta de aprendizado prático na grade curricular regular e a carência no fomento ao espírito empreendedor dos jovens universitários brasileiros são algumas das principais lacunas do sistema educacional brasileiro.

Nesse contexto, os jovens que durante a vida acadêmica fazem parte de alguma empresa júnior se tornam um profissional diferenciado e mais bem preparado para a inserção no mercado de trabalho.

Isso se dá pelo fato de que o Movimento Empresa Júnior (MEJ) possui dentre os seus principais objetivos e valores a formação empreendedora e o desenvolvimento em rede. Tal rede, atualmente, envolve e conecta cerca de 8.000 mil empresários juniores no país e é fortalecida pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores, a Brasil Júnior, a instância representativa nacional do maior movimento jovem brasileiro.

Mas essa conexão de universitários em busca de aprendizado e diferenciação através da vivência empresarial e da realização de projetos não contribui apenas para o sistema educacional do nosso país, pois este movimento não se restringe ao Brasil: ele existe e acontece em diversas outras partes do mundo, com destaque para a Europa. No Velho Continente, a Confederação Europeia de Empresas Juniores (Jade) é responsável por desenvolver esse conceito desde 1992.

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Por meio de um acordo de cooperação entre as duas organizações, Brasil Júnior e Jade, surgiu o Programa Embaixadores, que tem como principais objetivos: a representação do Movimento Empresa Júnior frente a organizações globais; a expansão do conceito para países onde ainda não existem empresas juniores e o fortalecimento das organizações através da troca contínua de conhecimento entre elas.

Quando falamos de capacitação em "soft skills" e expansão do "mindset", podemos ver claramente um grande desenvolvimento de nós, embaixadores, já que trabalhamos e convivemos diariamente com dez pessoas de seis nacionalidades diferentes. A cada semestre, três empresários juniores brasileiros trabalham e moram na casa da Jade, em Bruxelas.

Além de os representantes brasileiros poderem absorver bastante conhecimento do MEJ europeu, eles também têm autonomia de captar diferentes aprendizados e trazer do Brasil métodos diferentes dos conhecidos na Europa. Um grande exemplo disso é a exportação do Modelo de Excelência em Gestão da Fundação Nacional da Qualidade para as empresas juniores e organizações europeias, onde foi visto que o projeto poderia agregar muito valor para diversos outros, sendo utilizado como base para a criação de um dos principais projetos da Jade, atualmente, o "Confederation Development Project" (CDP), que tem como objetivo avaliar as confederações nos países europeus e facilitar o "benchmarking" entre elas.

PÓS-JUNIORES

Todo esse trabalho das empresas juniores, realizado em suas diversas instâncias, contribui para a formação de novos empreendedores, capazes de gerarem resultados na sociedade. O diferencial de quem faz do movimento é evidenciado, cada vez mais, no mercado. Segundo os dados de uma pesquisa sobre empreendedorismo jovem na Europa, feita pela Comissão Europeia em 2012, são comprovados os benefícios e o potencial transformador das empresas juniores no ecossistema empreendedor. Segundo o relatório:

- 21% dos pós-juniores (nomenclatura dada para os ex-integrantes do Movimento Empresa Júnior) abrem sua própria empresa três anos após finalizar seus estudos, enquanto a média dos estudantes universitários é de 4 a 8%;

- 78% dos pós-juniores ingressaram em seu primeiro emprego imediatamente após a formatura, enquanto que entre os estudantes que não tiveram essa experiência a porcentagem é de 59%;

- Somente 11% dos pós-juniores já viveram um período de desemprego, sendo que, entre os estudantes regulares, esse número é de 22%. Além disso, somente 1% dos pós-juniores já passaram por mais de um período de desemprego, contra 8% dos estudantes regulares.

A partir desses números é possível afirmar que as empresas juniores na Europa são atualmente um importante complemento na formação dos estudantes universitários, suprindo a principal demanda do mercado de trabalho do continente, que é a mão-de-obra com experiência e aprendizado prático.

Essas características os destacam como funcionários pró-ativos, comprometidos e determinados a enfrentar desafios desde o início da carreira, além de se firmarem como verdadeiros empreendedores, dispostos a questionar o status e a criar novas soluções para os maiores problemas da sociedade.

Nesse sentido, o Movimento Empresa Júnior, além de grande transformador da sociedade europeia e brasileira, está se transformando em uma rede de impactos globais, estando presente, de forma concreta, em 15 países e se expandindo diretamente para outros nove, nos próximos anos, entre os quais estão Estados Unidos, Canadá, Argentina, Chile, Lituânia e Reino Unido.

A grande escola de empreendedorismo está se espalhando pelo mundo!

Renan Tibúrcio é embaixador da Brasil Júnior na Jade, em Bruxelas


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