Folha de S. Paulo


Brasil 27: Caso Meritt

Poucas reivindicações são unânimes na atual onda de protestos populares pela qual passa o Brasil. Aumentar os investimentos no ensino público é uma delas. Entretanto, em um país com tantas necessidades de investimento, é muito difícil investir em todas as instâncias do sistema educacional e em todas as regiões do país ao mesmo tempo. Por isso é imprescindível identificar os pontos críticos do sistema educacional brasileiro, que são os grandes responsáveis pela baixa qualidade da educação do país e priorizar estratégias focadas na resolução dessas causas raízes.

A empresa catarinense Meritt resolveu aceitar o desafio de identificar esses pontos críticos do sistema educacional brasileiro. Ela coleta os dados existentes sobre a educação no Brasil (resultados da Prova Brasil, Censo Escolar, Provinha Brasil, Avaliação Ideb e Enem) e os transforma em informações que, uma vez analisadas, tornam-se uma poderosa base de conhecimento que possibilita o planejamento de ações focadas e com maior chance de êxito nos mais diversos níveis do sistema educacional: desde o professor de português de uma determinada escola até as altas instâncias do Ministério da Educação.

O processo de transformação de dados-informações-conhecimento-inteligência é a grande proposta de valor da Meritt. A empresa é uma startup de base tecnológica e, como tal, é importante entender que se trata de uma empresa em rápida evolução.

Em seus três anos de existência, ela já testou, modificou, validou e descontinuou produtos/serviços e modelos de negócio. A empresa iniciou suas atividades comercializando sistemas que lidam com avaliações para escolas particulares e de redes públicas. Seus resultados iniciais a qualificaram para projetos mais ambiciosos (e menos comerciais) como o QEdu, o maior portal de informações sobre a educação no Brasil, desenvolvido em parceria com a Fundação Leman.

A Meritt agora se prepara para um novo ciclo estratégico onde o enfoque é estar presente no dia a dia da sala de aula.

Para o Brasil27, um projeto colaborativo de pesquisa sobre negócios sociais, a pergunta que nos fizemos foi: com essas características, a Meritt pode ser considerada um negócio social? Contamos com a ajuda dos participantes do workshop do Brasil27 em Florianópolis para responder a essa questão.

Reprodução/merit.com.br

As fronteiras da definição de negócios sociais ainda não estão muito bem definidas e permitem certo grau de liberdade para acomodar iniciativas como as da Meritt. Entretanto podemos questionar, por exemplo, qual a efetividade da Meritt na melhoria da educação no país ou ainda como ela pode garantir que as informações e os conhecimentos gerados serão convertidos em ações práticas?

Na verdade, a Meritt não pode. E provavelmente ninguém pode. Para que a transformação na educação brasileira ganhe a escala e a velocidade pretendidas pelos idealizadores da Meritt, Alexandre Oliveira e Ricardo Fritsche, as ações de melhoria de ensino devem ser descentralizadas e adaptadas à realidade local. Assim, o impacto da Meritt na educação no Brasil é indireto, mas com grande potencial de escala nacional.

Utilizando uma conhecida analogia: alguns dão o peixe; outros ensinam a pescar; a Meritt, no setor da educação, está fabricando a rede.

Iniciativa dos jovens Fábio Serconek e Pedro Vitoriano, o Projeto Brasil 27 está visitando todos os Estados brasileiros para conhecer um exemplo de negócio social.

Os registros da jornada ficarão disponíveis no blog do projeto e serão publicados aqui, semanalmente, no Empreendedor Social.

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