Folha de S. Paulo


Brasil 27: Caso Justa Trama

Gerenciar todo o processo da cadeia produtiva do algodão, do plantio até a confecção e a venda de roupas, parece desafiador, certo?

Imagine fazer isso envolvendo 700 pessoas, com uma cadeia produtiva que engloba seis Estados de todas as cinco regiões brasileiras, remunerando todos os envolvidos de maneira justa e sem usar agrotóxicos.

Este é o desafio enfrentado e superado pela Justa Trama, cooperativa central, localizada em Porto Alegre (RS), da qual fazem parte sete cooperativas e que trabalha nos princípios da economia solidária.

Ela teve suas tramas iniciais costuradas em 2004, quando um grupo de cooperativas localizadas em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul recebeu um pedido para confecção de 60 mil ecobags destinadas ao Fórum Social Mundial de 2005, que ocorreu em Porto Alegre.

Essas cooperativas resolveram fazer diferente. Em vez de comprar tecidos no mercado, foram atrás de outras cooperativas de tecelagem, as quais, por sua vez, comprariam o fio de uma cooperativa de fiação. E assim por diante.

Dessa maneira, através do diálogo e muita colaboração, foi possível entregar os produtos com qualidade, prazo e preço.

Esse primeiro trabalho mostrou o potencial de se trabalhar conjuntamente e com base nos princípios do comércio solidário.

Após anos de trabalho árduo, este potencial se concretizou e está servindo como referência para o desenvolvimento de outras cadeias, como é o caso da cadeia binacional do PET.
A Justa Trama aproveita a imensa extensão territorial, a riqueza gerada pelas diferenças entre as regiões e as habilidades únicas do povo para oferecer um produto genuinamente brasileiro, produzido com o suor de diferentes regiões.

Quem acha que toda essa complexidade logística, diversidade e trabalho duro vêm à custa de um preço exorbitante está totalmente enganado.

Os produtos da Justa Trama são mais baratos que outros produtos confeccionados a partir do algodão agroecológico e competem com os produtos tradicionais.

Quando Nelsa Néspolo, presidente da Justa Trama, é indagada do por que de não se cobrar preços mais elevados pelos seus excelentes produtos, ela diz que "quem produz nossos produtos deve ter a condição financeira de adquiri-los".

"Portanto fabricamos um produto para todos e cobramos um preço que consideramos ser o justo."

Assim, a compra de uma simples camiseta da Justa Trama gera resultados positivos para pessoas em diversas regiões do Brasil. Para a Justa Trama, não basta vender. É preciso que a venda seja justa e que gere frutos para o maior número de pessoas possível.

Divulgação
A cooperativa Justa Trama, localizada em Porto Alegre (RS), primeiro negócio social mapeado pelo Brasil 27
A cooperativa Justa Trama, localizada em Porto Alegre (RS), primeiro negócio social mapeado pelo Brasil 27

Iniciativa dos jovens Fábio Serconek e Pedro Vitoriano, o Projeto Brasil 27 está visitando todos os Estados brasileiros para conhecer um exemplo de negócio social.

Os registros da jornada ficarão disponíveis no blog do projeto e serão publicados aqui, semanalmente, no Empreendedor Social.

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