Folha de S. Paulo


Empresários se reúnem para debater a construção de sociedade mais justa

Construir um mundo mais justo, com uma sociedade diversa, inclusiva e forte. O discurso parece utópico em meio à crise de confiança nos sistemas tradicionais ao redor do mundo, mas é a base do Encontro+B que começou nesta quarta-feira (29), em São Paulo.

Empresários B, certificados porque têm no cerne de seu negócio a preocupação de gerar um impacto positivo na sociedade, se reúnem para compartilhar experiências de sucesso e refletir sobre o movimento e sobre o contexto em que se inserem.

"Vamos fazer reflexões sobre como vamos sistematizar as experiências, sobre o que significa ser da América Latina para o mundo", disse o cofundador do Sistema B Pedro Tarak na abertura do evento.

Essas experiências incluem uma rede de cafés inclusiva da Colômbia, criada pela federação de cafeicultores em um movimento para gerar mais valor na produção do produto colombiano que era vendido cinco vezes mais caro na americana Starbucks.

Também como exemplo foi apresentado o caso de Beatriz Fernández que compartilhou sua história de luta, principalmente contra o machismo, para fundar a Crepes & Waffles há 18 anos. Um discurso que terminou com música e inspiração. "Empresas são mais do que um negócio. Um grupo comprometido pode mudar o mundo."

No discurso de abertura, o cofundador do Sistema B no Brasil Marcel Fukayama deu destaque para a mudança pela qual o mundo passa. "Nossa missão é construir infraestrutura para essa mudança", disse o também cofundador da Din4mo.

"Acredito em três pilares para isso. Comunidade –grandes saltos da história não aconteceram quando nos afastamos–, protagonismo e esperança –vivemos tempos difíceis, de extremismos, mas a evolução não acontece nos extremos."

LATINOS

Esse protagonismo, acreditam os participantes do Encontro+B, virá de terras latinas. "Nós da América Latina sempre nos sentimos um pouco menos do que pensamos que deveríamos ser", afirmou María Emilia Correa, cofundadora do Sistema B.

"A capacidade de resiliência de seu povo é incrível. É uma grande oportunidade para a América Latina liderar a economia de regeneração."

As palavras de Correa encontram eco nas do fundador da Global Academy Foundation, Walter Link. "A inspiração não vai vir da Europa. Ela virá do hemisfério sul, da América Latina", afirmou na abertura do evento. "A Natura, uma empresa brasileira, ao comprar a Body Shop fez o maior investimento de impacto do mundo."

Inspirações como as que foram apresentadas no painel "Economia Regenerativa". A mesa teve a presença dos empresários B Pedro Paulo Diniz, diretor-executivo da Fazenda da Toca, Dario Guarita, diretor-executivo da AMATA, e Cynthia Howlett, sócia da Juçaí, todas certificadas como empresas B, e foi mediada por Julia Maggion, diretora da Guayaki Brasil.

Eles falaram sobre os desafios ao iniciarem suas empresas e sobre como a cultura do consumidor vem mudando. "Mais da metade do país é coberto de floresta e não sabemos o que fazer com isso. Minha geração cresceu com a destruição da floresta", afirmou Guarita.

"É uma miopia das empresas não ver que os consumidores vão exigir consciência", disse o diretor-executivo da Fazenda da Toca.

Os exemplos e discussões desses empresários que querem mudar o mundo seguem até esta sexta (1º), em palestras, workshops e nas "Experiências B", com visitas a algumas organizações de São Paulo para conhecer ainda mais sua cultura e operações.

Entre elas estão iniciativas lideradas por integrantes da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, como 4You2, de Gustavo Fuga, e Vivejar, de Marianne Costa.

Também fazem parte do movimento de Empresas B os membros da rede Retalhar e Raízes Desenvolvimento Sustentável.


Endereço da página:

Links no texto: