Folha de S. Paulo


Títulos verdes são 0,2% dos títulos de dívidas do mercado brasileiro

Divulgação
Alto Sertão I, maior complexo de energia eólica da América Latina; parque foi construído pela Renova Energia em três municípios da Bahia
Maior complexo de energia eólica da América Latina; parque foi construído em três municípios da Bahia

O relatório global de Análise de Mercado de Títulos de Dívida e Mudanças Climáticas, publicação anual da Climate Bonds Initiative, encomendada pelo HSBC, foi lançado nesta quarta-feira (4), em São Paulo.

De acordo com a segunda edição do documento, o mercado brasileiro de títulos verdes emitiu, por empresas nacionais, R$ 11 bilhões. Os títulos verdes foram criados para financiar projetos e ativos que tenham benefícios ambientais ou climáticos.

No entanto, dos R$ 288,4 bilhões emitidos em títulos brasileiros, os "verdes" representaram apenas 0,2% do total, no primeiro e segundo trimestres de 2017. No mercado global, títulos verdes representaram 4% da emissão no mesmo período.

Desde junho de 2015 –quando a empresa BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, inaugurou este mercado– até setembro de 2017, foram emitidos nove títulos verdes brasileiros, cinco deles no mercado internacional.

O relatório descreve orientações de investimento necessárias para financiar agricultura de baixa emissão de carbono, energia renovável e desenvolvimento do setor de transporte urbano, além de outros projetos de infraestrutura inteligente.

Hoje, os títulos domésticos financiam, em sua maioria, projetos de energia renovável (42%). Agricultura e floresta é o segundo maior, com 24%, seguido de água com 13%, edifícios e indústria com 9%, e prevenção de resíduos e poluição representando 8%. Transporte e adaptação ao clima compõem apenas 2% cada.

ESCOLHA DO LEITOR

Ainda segundo o estudo, há apetite por títulos verdes no país puxado pelas recentes iniciativas de desenvolvimento de mercado, que contribuíram para melhorar a compreensão dos investidores em relação a esse tipo de título e seus benefícios.

Teria também oportunidade para financiar a expansão da agricultura com baixas emissões de carbono em escala, aumentar a diversificação de fontes de energia renováveis e desenvolver infraestrutura resiliente para atender a um novo padrão econômico.

"O Brasil tem uma extraordinária oportunidade de ser o motor global da agricultura com baixa emissão de carbono e do crescimento sustentável", afirmou Justine Leigh-Bell, diretora de desenvolvimento de mercado da Climate Bonds Initiative.

"Para atingir esse objetivo, os bancos, corporações e governos devem trabalhar em parceria, políticas e orientações do mercado, desenvolver oportunidades de financiamento verde e explorar novas fontes de investimento", diz ela.


Endereço da página:

Links no texto: