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'Não é preciso um grande cargo para ser líder', diz executivo

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Andy Coxall, presidente da Common Purpose
Andy Coxall, presidente da Common Purpose

"A liderança vem em todos os formatos e tamanhos", afirma Andy Coxall, presidente do programa internacional Common Purpose Experiences, que desde 2014 trabalha no Brasil para formar líderes.

Em um programa voltado para estudantes chamado Student Experiences, fruto de parceria com a Fundação Dom Cabral, apoiadora do Prêmio Empreendedor Social, cerca de cem universitários se encontram com líderes para tentar entender e resolver os problemas das cidades.

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"Os principais problemas e desafios do mundo atravessam fronteiras de países, crenças, agendas, setores, indústrias, mas frequentemente se desenvolvem líderes intra-fronteiras. Queremos líderes que atravessem essas fronteiras", explica Coxall sobre o principal pilar da organização.

Durante três dias em São Paulo, os jovens serão inspirados por diferentes líderes para que descubram como aumentar o engajamento cívico na capital paulista. "Os estudantes vão trabalhar em projetos em resposta a essa falta de engajamento cívico, o que poderiam fazer para que as pessoas assumissem responsabilidade pela cidade", diz o presidente da Common Purpose.

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Folha - Qual é o trabalho da Common Purpose?
Andy Coxall - Somos uma organização internacional sem fins lucrativos que desenvolve de lideranças. Temos programas para pessoas em diferentes estágios de liderança, para apoiá-los a serem líderes melhores.

Nossa principal crença é que os principais problemas e desafios do mundo atravessam fronteiras de países, crenças, agendas, setores, indústrias, mas frequentemente se desenvolvem líderes intra-fronteiras. Queremos líderes que atravessem essas fronteiras.

Como esses líderes são formados?
Usamos as cidades como nossa sala de aula, levamos esses líderes para visitarem suas cidades ou para outras cidades para explorarem a liderança em primeira mão. Eles se encontram com líderes de negócios, governo, ONGs, para entenderem quais são os desafios do mundo.

Fazemos isso dentro do quadro de liderança, de duas formas de trabalho. Uma, é sobre como liderar numa situação em que não se tem nem autoridade ou poder. E a outra é inteligência cultural, que é olhar como liderar ultra-fronteiras e trabalhar com pessoas que são fundamentalmente diferentes.

Juntamos grupos bem diversos em nosso programa. Em São Paulo, temos estudantes de nove, dez universidades diferentes, de todos os tipos de curso, com experiências e histórias diferentes. Muito do aprendizado vem de juntar um grupo tão diverso.

Também trabalhamos com líderes experientes. Unimos líderes de negócios, governo, ONGs e organizações comunitárias que não se encontrariam normalmente e levamos para uma experiência de compartilhamento e aprendizado, para aprenderem uns com os outros.

Por que trabalhar com estudantes universitários e não do ensino médio?
Universidades são lugares onde estudantes se reúnem. Em São Paulo, há estudantes que vêm de todo o Brasil, América Latina e do mundo para estudar. Estamos muito interessados nessa oportunidade única de aprendizado.

Há quanto tempo a organização existe e qual sua abrangência?
O programa começou cerca de 30 anos atrás. Primeiramente no Reino Unido, mas hoje está em praticamente 70 cidades ao redor do mundo.

O que essas cidades têm em comum?
Vemos as cidades como lugares muito interessantes porque é onde as culturas se encontram, onde as pessoas de diferentes nacionalidades se juntam, onde diferentes setores existem, diferentes indústrias.

Os maiores problemas que enfrentamos no mundo se manifestam em cidades. Então, as cidades em que temos programas são unidas pelo fato de serem muito prósperas e interessantes onde os problemas do mundo existem, onde líderes têm a oportunidade de atacá-los.

Da parte do programa para estudantes, é uma geração de jovens que quer ter um impacto nas cidades, se responsabilizar por ela, pelas comunidades. Vemos líderes experientes que querem isso também, mas que já estão por aí há muito mais tempo, então talvez sofreram mais ao longo do caminho e são um pouco mais cínicos.

Você acha que essa geração é mais engajada que a anterior?
Não sei se é uma questão de ser mais, mas acho que, ao redor do mundo, as pessoas realmente querem se tornar responsáveis pelas cidades. Sempre fico impressionado com isso, que eles olham para a geração atual de líderes e veem que não estão fazendo do jeito que fariam ou não compartilham suas crenças e valores, mas não querem esperar até ter 40, 50, 60 anos.

Quais os desafios a serem trabalhados no Student Experiences em São Paulo?
O desafio atacado no programa é como aumentar o engajamento cívico na cidade. Como fazer as pessoas colocarem a mão para cima, como cidadãos, para assumirem a responsabilidade pelos problemas que veem ao seu redor.

Os estudantes vão se encontrar com líderes de organizações muito interessantes das áreas de negócios, como Goldman Sachs, do governo, de transporte, como a CCR, para entenderem o seu papel, quais os desafios da cidade e qual sua visão de como os cidadãos podem se engajar.

Os estudantes vão trabalhar em projetos em resposta a essa falta de engajamento cívico, o que poderiam fazer para que as pessoas assumissem responsabilidade pela cidade. Espero que eles saiam com ideias bem interessantes de como podem fazer isso.

Em sua opinião, o que é preciso para ser um líder?
Liderança pode ser grande ou pequena, pode ser muito óbvia ou sutil. Para ser um líder, não é preciso ter um grande cargo, experiência, orçamento ou uma grande equipe.

Acreditamos que qualquer um pode ser um líder e depende de você, do seu propósito na vida e quais são os seus valores e visão. Tentamos explicar para os estudantes que a liderança vem em todos os formatos e tamanhos e que eles são líderes em potencial.


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