Folha de S. Paulo


Prêmio de tecnologia social se torna internacional, diz presidente da FBB

Nos últimos dez anos, A Fundação Banco do Brasil investiu em torno de R$ 2,4 bilhões em projetos e tecnologias de impacto socioambiental, recursos não reembolsáveis quase todo provenientes do próprio Banco do Brasil

Para trazer investidores sociais para o Brasil, o presidente da instituição anuncia que o prêmio organizado pela instituição a cada dois anos será internacionalizado na edição de 2017.

"Queremos atrair quem tenha interesse de investir no Brasil, por meio da fundação ou até de outras entidades", afirmou em entrevista exclusiva à Folha.

Bianual, o Prêmio FBB de Tecnologias Sociais identifica e mobiliza diferentes atores sociais na busca por soluções efetivas para o desenvolvimento sustentável das comunidades brasileiras.

Neste ano, a fundação é patrocinadora exclusiva da categoria Escolha do Leitor, em que o público elege seu empreendedor social favorito entre os seis finalistas do Prêmio Empreendedor Social e Empreendedor Social de Futuro. A votação já está aberta; participe.

Segundo Luna, a parceria mostra a sinergia do trabalho da FBB com o da premiação da Folha.

"Estamos aprendendo com vocês também para o nosso prêmio. Nessa troca de experiência, sempre todos saem ganhando."

Divulgação
Gerôncio Luna, presidente da FBB (Fundação Banco do Brasil), patrocinadora exclusiva da categoria Escolha do Leitor do Prêmio Empreendedor Social 2016
Gerôncio Luna, presidente da Fundação Banco do Brasil, patrocinadora da categoria Escolha do Leitor

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Folha - O que é a Fundação Banco do Brasil e por que estão apoiando o Prêmio Empreendedor Social?
Gerôncio Luna - A fundação, nos últimos dez anos, investiu em recursos não reembolsáveis em torno de R$ 2,4 bilhões, quase todo provenientes do próprio Banco do Brasil.

Isso beneficiou 3,3 milhões de pessoas nesse período, uma quantidade expressiva mesmo num país de 200 milhões de habitantes. Esses valores foram investidos em todo o país, mas com maior ênfase nas regiões Norte e Nordeste, que são as mais carentes.

Os maiores focos de atuação são água, agroecologia, agroindústria, resíduos sólidos e educação, mas a fundação pode atuar em outras áreas também.

Com base nisso e, acima de tudo, no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, já temos em nosso banco de dados 850 tecnologias cadastradas que podem ser reaplicadas nas comunidades mais carentes.

A partir daí, a gente reforça a sinergia com o que o Prêmio Empreendedor Social está reconhecendo.

O que é o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social?
Atualmente, é um prêmio bianual orgânico, ou seja, tem a fundação como único patrocinador, e nacional. Nossa intenção é que, a partir de 2017, ele passe a reconhecer as tecnologias de outros países, se tornando o Prêmio Internacional da FBB de Tecnologia Social.

Outro ponto é a situação pública dessas tecnologias sociais, publicadas em nosso site. Qualquer pessoa, empresa ou governo pode perfeitamente ter acesso a tecnologia e pode reaplicar livremente sem problemas de licença. Um dos pré-requisitos para que a tecnologia seja reconhecida e cadastrada no banco de dados é que ela não seja patenteada.

Quando que essa internacionalização começou a ser estudada e quais países irá abranger?
Ela começou a ser estudada há dois meses. Como temos ainda, daquela data até novembro do próximo ano, um ano e cinco meses, acreditamos que nesses 17 meses vamos conseguir implantar o prêmio internacional.

A ideia inicial é nos limitar às Américas, não vamos envolver nesse primeiro momento África, Europa e Ásia.

É a primeira vez que vamos fazer um prêmio internacional e pensamos em experimentar a dimensão que esse prêmio vai gerar. Tem que fazer com certo cuidado para que não atropele e façamos algo que esteja fora da nossa realidade. Para 2019, a ideia é fazer um prêmio que abranja todos os países.

Qual o papel da FBB no fortalecimento do terceiro setor?
O prêmio é orgânico e a ideia é torná-lo inorgânico, trazendo mais patrocinadores, inclusive de outros países da América.

O prêmio vai ser agregado a um fórum e a um seminário, para a discussão das tecnologias sociais e para reunir investidores sociais do exterior. Queremos atrair quem tenha interesse de investir no Brasil, por meio da fundação ou até de outras entidades.

A gente não tem esse modelo ainda numa escala que achamos que o Brasil tem potencial. A ideia é que seja um momento também de as entidades, e particularmente a FBB, captarem recursos para outros projetos no país.

Tem projetos de políticas públicas que são de interesse da sociedade e que têm uma dimensão expressiva, mas a FBB por si só não tem recursos para bancar.

O grande objetivo do evento é também conseguir recursos de outros países. Só os EUA, em 2014, doaram US$ 348 bilhões, segundo informações do CAF (Charities Aid Foundation). Claro que inclui doações para universidades, mas, no Brasil, o valor não chega ainda, eu acredito, a R$ 20 bilhões. É uma diferença bastante expressiva.

A gente observa que se forem apresentados bons projetos, se consegue captar bons recursos para o país.

Qual a importância da parceria entre a Folha e a FBB?
É uma satisfação estar participando também do Prêmio Empreendedor Social por vários aspectos. Primeiro, porque é um incentivo às iniciativas sociais e também pela sinergia até com o Prêmio FBB de Tecnologia Social. Isso, para a gente, é um motivo muito importante para estarmos apoiando esse prêmio da Folha.

Por que apoiar o prêmio neste ano, especificamente na categoria Escolha do Leitor?
O patrocínio a essa categoria teve uma aderência total da fundação porque tem a peculiaridade de ser decidida pelo público. Esse modelo democrático de as pessoas escolherem o melhor entre os seis foi o maior chamariz.

Um prêmio que tenha a votação do público é muito bom e nós encampamos a decisão de patrocinar este evento. É intenção da fundação apoiar os próximos eventos e especificamente essa categoria. É uma parceria que veio para ficar se depender da FBB.

Como você avalia os finalistas do Prêmio Empreendedor Social e Empreendedor Social de Futuro?
De forma geral, todos guardam uma sinergia muito forte com a FBB. É uma satisfação muito grande estar participando.

Estamos aprendendo com vocês também para o nosso prêmio. Nessa troca de experiência, sempre todos saem ganhando. Por isso estamos tão crédulos em nosso prêmio internacional.


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