Folha de S. Paulo


Aplicativo para alunos do Enem se destaca no Fórum Econômico Mundial

A experiência de levar a 3 milhões de estudantes brasileiros uma plataforma digital que auxilia no processo de aprendizagem foi compartilhada com especialistas internacionais pelo empreendedor social Eduardo Bontempo durante o Fórum Econômico Mundial, em Medellín.

Um dos fundadores da Geekie, negócio social de tecnologia para a educação, o brasileiro integrou o painel "Um ecossistema inovador para a educação na América Latina", na sexta-feira (17).

Bontempo debateu o papel das novas tecnologias dentro e fora da escola com Esteban Bullrich, ministro da Educação da Argentina; Pasi Sahlbert, professor da faculdade de Educação de Harvard; e Gabriela Ramos, consultora da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

"Os governos ainda não sabem como comprar tecnologia. Levamos quatro anos para fechar o acordo com o Ministério da Educação no Brasil", relatou Bontempo.

Pela parceria, alunos do último ano das redes públicas de ensino de todo o Brasil passaram a ter acesso ao Geekie Games, plataforma online de personalização dos estudos.

O acesso ao aplicativo de preparação para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é uma das iniciativas que compõem o programa "A Hora do Enem", política nacional liderada pelo ministério em parceria com o Sesi (Serviço Nacional da Indústria).

Os alunos vão poder fazer simulados e definir programas personalizados de estudo, enquanto professores e autoridades vão poder monitorar o progresso dos alunos.

Para a consultora da OCDE, tecnologias são bem-vindas, mas não são panaceia para todos os males educacionais da região. "Não basta disponibilizar computadores. Antes, o professor tem que saber como usá-lo", disse Gabriela Ramos.

Bontempo concordou que tecnologia não resolve todos os problemas nem substitui o professor. "É uma ferramenta a mais", pontuou o brasileiro.

Além dos desafios tecnológicos, os especialistas debateram outras questões, como replicar políticas bem sucedidas e promover a reforma dos sistemas educacionais no continente.

Segundo Gabriela Ramos, o dinheiro investido no setor na América Latina nos últimos anos não significou melhoria na qualidade do ensino. "É preciso colocar a educação no topo da agenda."

É o que defende também o ministro argentino. "Na Argentina, educação está em sétimo lugar de importância para a população, enquanto segurança e outros temas estão à frente", comparou Bullrich. "Infelizmente, as pessoas não veem a educação como solução dos seus problemas."

Em uma provocação aos painelistas, Victoria Colbert, da Fundação Nueva Escola, da Colômbia, declarou que "educação é uma questão tão importante que não pode estar apenas nas mãos dos governos". E fez coro com Bontempo. "O desafio é tanto da iniciativa privada quanto do setor público", avaliou o brasileiro, que aposta na colaboração entre todos os atores para o salto educacional que todos almejam no Brasil e na América Latina.

Assista ao debate, realizado em inglês


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