Folha de S. Paulo


Documentário coloca sustentabilidade do mundo da moda em xeque

O documentário Por Amor à Moda foi lançado na manhã desta quarta-feira (18), em São Paulo. Produzido pela National Geographic com apoio da C&A, o filme aborda a produção de algodão orgânico e se esse tipo de agricultura seria uma solução para tornar a indústria sustentável.

Todos os anos, 80 bilhões de roupas novas são compradas no mundo e 35% das fibras utilizadas nessas peças são de algodão. No entanto, esse cultivo de mais de 7.000 anos é um dos mais poluídos e utiliza cerca de 8.000 substâncias químicas na sua cadeia produtiva.

Patricia Pamplona/Folhapress
O presidente da C&A no Brasil Paulo Correa, no lançamento do documentário Por Amor à Moda
O presidente da C&A no Brasil Paulo Corrêa, no lançamento do documentário Por Amor à Moda

Um das saídas para diminuir o impacto dessa produção é o plantio do algodão sustentável, que utiliza menos pesticidas e fertilizantes, mas ainda é geneticamente modificado, e do algodão orgânico, que retorna às práticas antigas do cultivo.

Isso significa utilizar pesticidas e fertilizantes caseiros e fazer a colheita manualmente, o que permite o replantio das sementes, algo impossível na produção mecanizada.

"A moda pode ser uma força do bem", afirmou o presidente C&A no Brasil Paulo Correa. "O tecido nos acompanha nos momentos críticos da nossa vida. No nascimento, o bebê é embrulhado, por exemplo".

A tradicional loja de roupas, que completa 175 anos em 2016, 40 deles no Brasil, é a maior consumidora de algodão orgânico no mundo. Ela está junto de outras redes, como a sueca H&M, para incentivar o mundo da moda a usarem fibras mais sustentáveis.

No mundo, hoje, são plantadas 26 milhões de toneladas de algodão, mas o cultivo orgânico representa 120 mil toneladas. O custo do plantio sustentável pode ser até três vezes mais caro que o utilizado em larga escala.

"Até 2020, a meta da C&A é ter 100% de algodão orgânico ou sustentável em nossas lojas", disse o diretor global de Sustentabilidade da marca, Jeffrey Hogue, que veio ao Brasil para o lançamento.

Mesmo com uma coleção mais "verde", os custos não são passados para o consumidor. "Quando começamos esse movimento dez anos atrás, nosso mantra era que, se queremos que a moda seja mais sustentável, não podemos transferir essa despesa para o cliente", explicou Hogue.

O documentário estreia no Brasil na quarta-feira (25), às 17h15, no canal pago National Geographic.


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