Folha de S. Paulo


A tragédia do rio Doce contada por moradores em dez imagens

"E se os próprios moradores que vivem às margens do rio Doce relatassem de maneira livre sobre o maior crime ambiental da história do Brasil?" Foi com esse mote que nasceu o projeto #MeuRioDoce, que pretende dar voz à população afetada pela tragédia a partir de um crowdfunding.

A proposta lançada nesta quinta-feira (3) pretende montar uma rede de comunicação popular interligando diferentes pontos do rio Doce, de uma de suas nascentes até sua foz.

O projeto do coletivo Jornalistas Livres vai levar as ferramentas para que a população que vive nos 663 km afetados pelo derrame de lama registre diariamente os impactos na região.

Na tragédia, cerca de 40 bilhões de litros de lama foram derramados com rejeitos da mineradora Samarco, controlada por duas gigantes do setor: a brasileira Vale e anglo-australiana BHP Billiton.

O acidente atingiu 1.469 hectares de terras, incluindo Áreas de Preservação Permanente (APP) e reservas indígenas.

De acordo com os organizadores do #MeuRioDoce, a única forma de garantir registros diários in loco do percurso da tragédia, que passa por transformações continuas, é ser feita pelos próprios locais.

A ideia é que o trabalho seja pautado pela memória das comunidades, na ação coletiva, na apropriação do espaço e de intervenção sobre ele e na democratização da tecnologia como meio durante o processo de expressão.

O resultado, entre fotos e vídeos, será compartilhado via redes sociais.

Os moradores passarão por oficinas de comunicação, que incluem narrativas de internet, fotografia mobile e produção de vídeos.

Para colocar em prática a ideia, serão necessários R$ 60 mil para compra dos smartphones, produção/edição, viagens e outros gastos.

As doações podem ser feitas pelo site Juntos e ficará no ar durante 33 dias.


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