Folha de S. Paulo


Tatu-bola encontrado no Ceará ajuda entender espécie em risco de extinção

O casal de tatus-bolas do zoológico de Brasília pode ganhar companhia nos próximos dias.

Um animal da espécie ameaçada de extinção foi encontrado em dezembro do ano passado no quintal da casa de agricultores da localidade Pau de Óleo, no município de Crateús (CE).

Os sertanejos foram convencidos a entregá-lo à Associação Caatinga na Serra das Almas, organização não governamental de proteção ao bioma original do Nordeste e responsável pelo Programa de Conservação do Tatu-bola.

Popularizado por ser mascote da Copa do Mundo em 2014, o mamífero está em risco de desaparecer da nossa fauna.

A Associação Caatinga, membro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais, trabalha há 16 anos na preservação do ecossistema, habitat natural da espécie.

"Se continuar o desmatamento da caatinga como está agora, o tatu-bola será extinto em 20 anos", diz Rodrigo Castro, coordenador da associação.

O animal típico da Caatinga aparece na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção da União Nacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Em janeiro de 2015, outro tatu-bola já havia sido resgatado na Reserva Natural Serra das Almas e encaminhado ao Zoológico de Brasília, onde um casal é mantido em cativeiro para ser estudado e ajudar no processo de preservação da espécie.

Este pode ser também o destino desse outro mamífero. A associação informa que seu estado é ótimo. No momento, seu lar temporário é um recinto cercado na reserva natural cearense.

Os guardas-florestais observam que o novo tatu-bola é mais esperto e agitado do que o trio já enviado a Brasília.

Antes de ter seu destino definido pelo Ibama do Ceará, o resgatado precisará passar por um período de quarentena no centro de triagem de animais silvestres.

Depois disso, ele pode ser enviado ao zoológico de Brasília ou ser devolvido à natureza, caso tenha condições de sobreviver sozinho na natureza.

Veja o vídeo

FAMOSO DESCONHECIDO

O mamífero é pouco conhecido pela ciência e a observação da espécie em Brasília serve para descobrir seu comportamento e tentar a reprodução.

Um filhote do animal chegou a nascer no zoológico, mas morreu na primeira semana. "Não se sabe como os pais cuidam dos filhotes, o que eles comem, quanto tempo se amamentam", explica Castro.

No sertão cearense, a organização tem coletado resultados, principalmente na conservação do habitat natural do animal.

No projeto No Clima da Caatinga, 3.300 famílias foram mobilizadas, com 96 hectares de APPs (Áreas de Proteção Permanente) e reservas legais protegidas e recuperadas, o que equivale a seis Maracanãs e meio.

Em março, será lançado oficialmente o Programa de Conservação do Tatu-Bola com duração de quatro anos para captar parceiros e salvar o animal da extinção.


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