Folha de S. Paulo


Sete dicas para startups e negócios de impacto captarem recursos

A captação de recursos ainda é um dos maiores desafios para empreendedores e o mercado financeiro é visto como um "bicho-papão" para líderes do terceiro setor.

Essa é a análise de um dos autores do livro "Captação de Recursos para Startups e Empresas de Impacto" (ed. Alta Books, R$ 44,90, 224 págs.), o economista Haroldo Torres, que elaborou a obra junto com o colega Marco Gorini.

Os dois são sócio-diretores da Din4mo.

Eduardo Knapp - 17.jun.2003/Folhapress
Empreendedores ainda têm dificuldade para lidar com o setor financeiro e economistas lançam livro para sanar dúvidas em captação de recursos
Empreendedores ainda têm dificuldade para lidar com o setor financeiro e economistas lançam livro para sanar dúvidas em captação de recursos

"A pessoa tem uma noção vaga. Sabe que precisa, mas não consegue diagnosticar [no que deve aplicar o dinheiro obtido]", explica Torres.

Segundo ele, cada fonte de recursos é adequada para um problema. "O fundo é indicado para quem tem um alto potencial de crescimento. Se não tem ambição de crescer, não faz sentido."

O livro reúne informações, dicas e caminhos para captação. "Há uma enorme dificuldade [do empreendedor em lidar com] o setor financeiro. Ele tem medo do banco. Fundo é um ser de outro planeta", afirma Torres.

O economista diz que as instruções também se aplicam a negócios sociais, principalmente empresas de impacto. "Para ONG, a captação é um pouco diferente e o capítulo quatro, sobre doações, trata de projetos do terceiro setor", explica.

A obra também conta com um glossário de termos técnicos para "ajudar a reduzir essa figura do bicho-papão".

Abaixo, os autores listaram sete dicas para iniciar a captação de recursos.

1- Se o empreendedor quiser crescer, precisa saber bem o que quer e ter muita certeza sobre como vai utilizar os recursos de terceiros.

2- Tentar compreender as diferentes fontes de recursos existentes.

Hoje em dia, além do banco, existem alternativas como os fundos de investimentos acessíveis para empresas em segmentos mais dinâmicos, como tecnologia, ou para organizações de médio porte, mais estruturadas.

Soluções como o crowdfunding e as doações podem ser utilizadas em projetos específicos que tenham impacto social ou ambiental positivo.

3- Descobrir qual fonte de recurso é a mais adequada para o momento e perfil do negócio.

Se o empreendedor tem uma startup, dificilmente receberá investimentos de um fundo que negocia grandes valores.

No entanto, poderá convencer centenas de microinvestidores a acreditarem e a investirem no negócio por meio de um site de crowdfunding para startups.

4- Preparar-se para contar uma história consistente, bem fundamentada em fatos que possam ser comprovados.

O empreendedor precisa convencer o investidor potencial que o negócio é dinâmico, saudável e tem chances de sucesso.

5- Para contar essa história, o empreendedor precisará organizar toda a documentação e as informações que qualquer investidor ou emprestador exigirá.

Não é possível contar essa história sem números; é preciso ter balanços e demais documentos contábeis (projeções/plano de negócios) organizados.

O nome do empreendedor não pode estar sujo na praça e ele precisará levantar todas as certidões negativas que existem.

No setor financeiro, credibilidade e argumentos fundamentados em dados consistentes fazem toda a diferença.

6- Preparar-se para uma negociação longa e complexa –mesmo quando os passos anteriores forem percorridos, a negociação exigirá muito.

E, se o empreendedor estiver buscando um investidor, várias decisões difíceis terão que ser tomadas.

Qual o valor a ser atribuído ao negócio e a cada cota? Quais serão as regras da sociedade e as responsabilidades de parte a parte? Nesta etapa, é necessário ter sangue frio e ser honesto.

7- O dinheiro chegou e é preciso saber cuidar muito bem dele.

A sétima regra é preparar-se bem para gerir os recursos tomados –em especial, porque esse dinheiro terá que ser pago com juros ou o novo investidor exigirá um negócio em franca expansão.

É primordial que o empreendedor se esforce para que o dinheiro novo realmente seja empregado para o negócio deslanchar.


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