Folha de S. Paulo


Estação caseira de tratamento para reúso de água vence concurso da Fiesp

Um sistema caseiro de tratamento para reutilização de água foi um dos três projetos vencedores do Acelera Startup, iniciativa promovida pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estados de São Paulo).

A empresa Ectas (Estações Compactas de Tratamento de Água e Saneamento) foi a selecionada na categoria água pela tecnologia desenvolvida para o reúso, em evento realizado na noite de quarta-feira (17).

As estações desenvolvidas pela empresa são mais compactas, em formato octogonal, ocupando menos espaço. A área interna, no entanto, é maior, e o tanque, ultrarreforçado com fibras de vidro, é totalmente lacrado e enterrado.

O sócio e diretor de relações institucionais da Ectas, Ricardo Azevedo explica as vantagens. "Por ser enterrada, há uma economia de espaço" e o fato de ser fechada permite que a estação seja "instalada ao lado de uma casa porque não libera odor".

Os empresários estudam implantar um projeto piloto no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. A estação atenderia 40 residências, mas, por ser uma região populosa, seria instalada na laje de uma casa.

Segundo Azevedo, o custo seria até 20 vezes menor que uma rede tradicional de tratamento. Cada residência arca com um valor de R$ 2.000 pela instalação da rede e do tanque.

A tecnologia social foi desenvolvida em 2002, mas a empresa apenas a lançou comercialmente em 2011. Desde então, a Ectas participa de premiações e programas de aceleração de startups, entre eles o da Artemisia.

MAIS CATEGORIAS

O 6º Concurso Acelera Startup da Fiesp reuniu 250 empresas, que passaram por uma seleção com mais de mil inscritos, divididas em três temas: água, energia e segurança. Nas duas outras categorias, a Zehn Energy, com a proposta de reduzir o consumo de energia na indústria, e a Altave, desenvolvedora de tecnologias aeronáuticas, foram as vencedoras.

Na terça (16), os empreendedores passaram por mentorias em diferentes áreas, como marketing, comunicação e jurídico. "Muitas vezes, não é o recurso que falta ao empreendedor, é um direcionamento", explica o diretor titular do CAF (Comitê Acelera Fiesp), Sylvio Gomide, sobre o foco em orientação dirigida e não somente palestras.

No total, foram cem mentores que participaram durante as seis horas de aconselhamento. Cada participante tinha 15 minutos para tirar dúvidas com os especialistas de cada área.

Apostando no dinamismo, os empreendedores têm dois minutos para vender seu projeto e três para responder a dúvidas. O sistema, denominado de "pitch elevator", tem origem nos EUA, onde são apenas 60 segundos.

As apresentações são mais longas que nos EUA, pois "no Brasil não há uma cultura de empreendedorismo", esclarece o diretor do CAF Marcos Lorençani. Ainda que tenham o dobro do tempo, Marcos afirma que os minutos são cruciais para "convencer o investidor, mesmo que ele não seja da mesma área que o empreendimento".

É o caso de Frederico Lacerda, da aceleradora 21212, que participou do evento. Apesar de seu foco ser o mercado digital, o sócio-fundador afirma ter encontrado empresas para investir. "Nas áreas de energia e segurança, achamos pelo menos dez bons projetos para em até dois meses iniciar as tratativas."

O principal objetivo do evento é juntar empreendedores e investidores. Segundo Gomide, ainda que os projetos não vençam o concurso, o ambiente possibilita a formação de uma rede de contatos entre empresários e aceleradores.


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