Folha de S. Paulo


Alcançar igualdade na educação deve ser prioridade, diz Hilde Schwab

Hilde Schwab e seu marido Klaus Schwab criaram a Fundação Schwab em 1998 com o objetivo de promover o empreendedorismo socioambiental e reconhecer líderes nessa área.

Klaus Schwab criou o Fórum Econômico Mundial em 1971 e os empreendedores sociais da Fundação Schwab participam das reuniões do fórum, onde podem debater os principais problemas mundiais com líderes do governo e de empresas.

"O empreendedorismo social ainda não é uma ideia conhecida por todos", diz Hilde Schwab. "O empreendedor social é um empreendedor, não alguém que criou uma pequena ONG com uma grande ideia da qual não sai nada", afirma.

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Hilde Schwab, cocriadora e presidente do conselho da Fundação Schwab
Hilde Schwab, cocriadora e presidente do conselho da Fundação Schwab

Como a fundação e o Fórum Econômico Mundial são ligados, um dos objetivos das duas organizações é aproximar as grandes empresas multinacionais dos empreendedores sociais. "Conseguimos aumentar essa colaboração entre empresas e empreendedores sociais nos últimos anos", diz Hilde Schwab.

Ela falou à Folha de seu escritório em Genebra.

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Folha - Quais são algumas das áreas em que os empreendedores sociais brasileiros são mais criativos?
Hilde Schwab - Há três grandes áreas em que os empreendedores brasileiros na rede da Schwab estão trabalhando. A primeira delas é a saúde, com alguns aspectos muito interessantes. Um deles é trabalhar com saúde bucal, que é algo que muita gente esquece que existe.
Outra área importante é a educação. Algo que a Fundação Schwab considera muito importante é a colaboração entre pais, educadores e governo, que permite atacar os problemas da educação de forma holística.
A terceira área é a questão ambiental, na qual você tem vários grupos envolvidos, como indígenas, turistas, governos estaduais, municipais e federais... Estamos vendo alguns modelos muito inovadores.

Quais são alguns dos pontos que os empreendedores conseguem desenvolver com ajuda da fundação?
A maior vantagem de estar na rede da Schwab é se encontrar com outros empreendedores de outros países. Há muito aprendizado e troca de experiências. Além disso eles se beneficiam do acesso aos eventos do Fórum Econômico Mundial, nos quais eles podem trabalhar com outros grupos em questões como o papel dos governos, cidadania corporativa e sustentabilidade.
Por fim, os empreendedores recebem da Fundação Schwab assistência técnica pro bono de grandes empresas de consultoria e bolsas para cursos de educação executiva na Universidade Harvard (EUA) e no Insead (França).

Com o aumento da renda e redução da pobreza no Brasil, quais são os novos problemas sociais que o país deve enfrentar nas próximas décadas e como os empreendedores podem enfrentá-los?
Não sou especialista no Brasil, mas penso que é muito importante alcançar a igualdade na educação, para que todos tenham acesso a uma educação de qualidade. Isso pode ser um desafio muito positivo. Também existe um problema muito grande em muitos países em relação a como continuar criando empregos, porque há milhões de pessoas jovens chegando ao mercado de trabalho despreparadas para trabalhar.
Exatamente porque o Brasil se desenvolveu tanto, não é mais um país em desenvolvimento, esses problemas podem ser enfrentados.
O terceiro problema que eu vejo é a sustentabilidade ambiental. Isso também pode ser uma oportunidade para o Brasil, porque o país tem tantos recursos naturais e intelectuais. Tenho certeza de que muito pode ser feito nesta área.

Quais são as principais discussões nas quais os empreendedores socioambientais da rede da Schwab estão se focando?
Uma das discussões é o investimento de impacto. Todos estão falando sobre isso, mas nós realmente queremos fazer essa área crescer. Outro problema é que nós realmente queremos que as grandes corporações multinacionais conheçam o trabalho dos empreendedores sociais. Conseguimos aumentar essa colaboração entre empresas e empreendedores sociais nos últimos anos. Uma terceira discussão é o trabalho com os governos, para que eles também criem incentivos fiscais e tornem mais fácil ser um empreendedor social. Nós publicamos um relatório em que mostramos doze exemplos de empreendedores sociais colaborando com governos e como isso acontece na prática.
O empreendedorismo social ainda não é uma ideia conhecida por todos. Acho que nos EUA e na Europa nós já temos um panorama em que as pessoas conhecem mais o que é empreendedorismo social, já evoluiu bastante. As pessoas entendem que o empreendedor social é um empreendedor, não é alguém que criou uma pequena ONG com uma grande ideia da qual não sai nada.


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