Em Juazeiro do Norte, a 495 km da capital Fortaleza, no Ceará, 17 alunos da Universidade Federal do Cariri (UFCA) estão mudando a realidade de mulheres da comunidade Rua Nova, no município de Barbalha. Por meio de aulas de artesanato sustentável, corte e costura e de gestão de negócios, o projeto Fibra está provocando o empoderamento e fortalecimento da cultura local.
A partir de uma pesquisa socioeconômica realizada na comunidade, os jovens empreendedores identificaram os problemas de pobreza, nível educacional deficiente, acesso precário e desemprego das famílias. Assim, desenvolveram uma iniciativa para capacitar moradoras na produção de biojoias à base de coco babaçu, fibra de bananeira e sementes diversas, para possibilitar o aumento da renda e fortalecer as relações sociais.
"Todas as mulheres estavam desempregadas e dependiam do Bolsa Família e seus maridos trabalhavam na agricultura. Fomos a campo descobrir como elas gostariam de trabalhar", explica Franciully Leite, 21, aluna de administração pública.
O projeto Fibra tem o objetivo de empoderar economicamente as mulheres da comunidade, ensinando-as uma nova profissão, para que no futuro possam atuar na área de vestuário adulto feminino. As capacitações teóricas, técnicas e práticas são ministradas por professores e estudantes da UFCA e por parceiros, possibilitando a comunidade o desenvolvimento da associação de agricultores.
Maria José do Monte, 26, é casada, tem dois filhos e faz parte do projeto há oito meses. Ao lado de suas companheiras de curso, ela pensa em montar uma loja quando acabarem as aulas, em abril de 2015. "Dependo da agricultura e do Bolsa Família para sobreviver. Antes vivia praticamente só em casa, agora a vida mudou bastante, estou aprendendo mais e me desenvolvendo como pessoa", diz.
As primeiras vendas dos produtos foram feitas na festa de Santo Antônio da cidade e na Copa do Mundo e deram uma renda bruta de R$ 835 ao grupo. Segundo Cícera do Santos, 40, dona de casa e uma das participantes do Fibra, as alunas, que fazem parte da associação de agricultores da comunidade, estão juntando o dinheiro para comprar tecidos para produzirem, posteriormente, com as máquinas de costura que ganharam do projeto.
A ideia é comercializar e divulgar as peças na internet e, para isso, elas contarão com apoio do projeto, que desenvolverá um plano de marketing e criará uma marca para as empreendedoras.
Cícera, depois de aprender as técnicas, já começou a trabalhar por conta própria produzindo tapetes para vender. "Além de ser um meio de melhorar a renda familiar estamos interagindo com a comunidade e unindo as ideias", conta.
JOVENS EMPREENDEDORES
O projeto Fibra é um dos 50 times da organização Enactus Brasil, provindos de diferentes instituições de ensino superior e trabalham em diversas frentes em nove estados: Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco.
A organização busca universidades públicas e privadas para implantar o programa, além de também receber pedidos de estudantes de diferentes áreas do conhecimento para montar times em seus campi. De forma gratuita, os alunos são orientados e recebem apoio para identificar um problema e uma solução em comunidades vulneráveis de seu Estado.
Estudantes ou universidades que desejem levar o projeto para seu campus devem entrar em contato pelo e-mail thiago.ermano@ancomunicacao.com.br ou pelo telefone (11) 2885-9715. Instituições de ensino e alunos não pagam para ingressar no projeto de empreendedorismo social jovem.