Folha de S. Paulo


Exposição traz projetos de estudantes sobre inclusão e sustentabilidade

Pernas robóticas que podem ajudar pessoas paraplégicas a andar e textura de parede à base de garrafas PET recicladas. Esses são alguns exemplos dos 50 projetos inovadores desenvolvidos por professores e alunos do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) de todo o país, que serão apresentados ao público e a investidores de 3 a 6 de setembro, em Belo Horizonte (MG), na exposição Inova Senai.

Em sua terceira edição, o evento, que é uma das atividades da oitava edição da Olimpíada do Conhecimento, trará projetos relacionados às áreas de eficiência energética, reaproveitamento de resíduos e melhoria de condições de vida para pessoas com deficiências, entre outros.

INCLUSÃO
Um protótipo de pernas robóticas, chamado de James (Junção Artificial Movida Elétrica e Sistematicamente), poderá oferecer a possibilidade de uma pessoa paraplégica dar passos. O projeto é desenvolvido por alunos sob orientação de Regina Bojan, professora do curso de aprendizagem em eletrônica do Senai do Paraná.

A invenção tem um sistema motorizado e controlado por computador que permite ao usuário, por meio de uma "calça robótica" que vai dá cintura até os pés, se locomover. O equipamento possui um joystick no qual a pessoa indica a direção do movimento que deseja fazer.

O projeto nasceu da conclusão do curso de um grupo de aprendizagem em eletrônica do Senai do Paraná. Depois de passar por uma série de testes, o experimento está em fase de elaboração de programação. "Os circuitos foram testados, mas não implementados todos juntos", diz Bojan. "Esse projeto demanda mais uns três anos de estudos. Vamos procurar apoio para desenvolver para que ele fique o mais próximo de um passo humano."

O professor e inventor Edson Anício Duarte, desenvolveu, ao lado de seis alunos do curso de mecatrônica do Senai de Campinas (SP), um relógio de ponto em braille.

Divulgação
Relógio de ponto em braille permite que deficientes visuais possam marcar ponto no trabalho
Relógio de ponto em braille permite que deficientes visuais possam marcar ponto no trabalho

Duarte levou em conta um mercado em potencial para deficientes. Segundo o Censo de 2010, cerca de 35 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência visual. O relógio é uma tecnologia assistiva e inclusiva que permite que o deficiente visual e os empregadores tenham o controle de suas horas de trabalho.

"O relógio possibilita que eles consigam ler as horas e registrar o ponto no trabalho, de forma autônoma", explica. Duarte conta que o grupo levou oito meses na criação e já chegou a um protótipo funcional. Agora, está em fase de registrar a patente. A proposta é vender o acessório para empresas por R$ 615 cada.

SUSTENTABILIDADE
Pensando na sustentabilidade da construção e em reduzir o impacto ambiental gerado pelo longo tempo de degradação da garrafa PET, o professor do curso técnico em química do Senai de São Bernardo do Campo, Edson Duarte Ferreira, ao lado de cinco alunos, desenvolveu uma textura para aplicação em parede de alvenaria à base de PET.

Divulgação
Textura para parede é feita à base de garrafa PET reciclada
Textura para parede é feita à base de garrafa PET reciclada

A ideia nasceu quando uma empresa que recicla resíduos procurou o Senai questionando o que poderiam fazer com o pó de garrafa PET que eles tinham. Segundo a Plastivida –entidade representante da cadeia produtiva do setor de plásticos– somente 21% dos resíduos das PETs são recicladas no Brasil.

"O pó da PET é 20% da composição da textura. Não só o polímero que está disponível na PET tem potencial mas também o de sobras de fábrica e até mesmo do lixo", conta Ferreira.

Segundo Ferreira, tanto a PET branca quanto a verde pode ser usadas, apesar de a branca se adaptar melhor a diferentes pigmentações. Há um ano e meio em estudos, o produto ainda está em fase de testes.

"A textura com PET é mais leve, tem uma densidade menor e maior impermeabilidade. Pode ser usada do lado externo ou interno e tem maior retenção de som do que a convencional", diz Ferreira. O produto também tem durabilidade e preço compatíveis ao de produtos já no mercado.

POTENCIAL E RECONHECIMENTO
As 50 ideias, que foram escolhidas de 240 projetos de todo o país, têm, juntas, o potencial de gerar R$ 150 milhões de receita ao ano, de acordo com o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. "O objetivo da feira é criar soluções de negócios, produtos, processos e serviços que podem servir para empresas ou desenvolvimentos de startups que vão gerar empregos e desenvolvimento de economia", diz.

Os 50 selecionados também disputam prêmios, no valor de R$ 2.000, nas categorias tecnologias industriais (produto e processo), tecnologias educacionais, tecnologias inclusivas e voto popular.

Conheça todos os finalistas no site do Inova.


Endereço da página: