O Brasil é o país mais avançado em desenvolvimento social entre os Brics (grupo de países emergentes que engloba além do Brasil, Rússia, China e África do Sul). É o que aponta o Índice de Progresso Social 2014 lançado mundialmente hoje (3) e que foi conduzido por uma equipe da Harvard Business School.
Porém, o país aparece na 46ª posição em um ranking de 132 países, já a África do Sul está na 69º, a Rússia (80ª), a China (90ª) e a Índia aparece na 102ª. O índice foi elaborado pela instituição global sem fins lucrativos Social Progress Imperative com apoio Deloitte, Skoll Foundation, Fundación Avina e Compartanos Banco e pelas univerdades de Harvard, MIT e Oxford.
O ranking aponta que o rápido crescimento econômico, especialmente no caso da China e da Índia, os últimos no ranking entre os Brics, não está necessariamente atrelado ao desenvolvimento social, ou seja, o dinheiro não está sendo convertido para melhorar a vida da população.
"O Brasil já está há mais tempo [em relação aos outros membros do Brics] fazendo investimentos em políticas de desenvolvimento social, que proporcionam mais fundamentos de bem-estar", comenta Heloisa Helena Montes, sócia no Brasil da empresa multinacional de finanças e auditoria Deloitte e disseminadora da pesquisa no país.
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"Até hoje, sempre se supôs que há uma relação direta entre crescimento econômico e bem-estar. Embora um alto PIB [Produto Interno Bruto] per capita seja relacionado ao progresso social, essa conexão está longe de ser automática. Com níveis similares de PIB, vemos que alguns países alcançam níveis de progresso social muito mais elevados que outros", diz o professor que lidera o estudo, Michael Porter, da Harvard Business Scholl.
O índice avaliou o desempenho social e ambiental dos 132 países identificando os pontos fortes e fracos e analisando as informações de cada um deles. O ranking geral de progresso social é a média de três grandes categorias: fundamentos de bem-estar, oportunidade, necessidades humanas básicas, que por sua vez, se dividem em mais 54 indicadores. Relatórios mundiais de organizações sem fins lucrativos foram tomados como base para a pesquisa, como da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Global Peace Index, entre outros.
PRINCIPAIS INDICADORES
Os vizinhos uruguaios são os que apresentam o maior índice de "oportunidade"– direitos individuais, tolerâncias e inclusão, liberdades individuais e acesso à educação superior– na América do Sul, aparecendo em 18ª posição. Outros sulamericanos à frente do Brasil: Chile e Argentina.
Em "necessidades humanas básicas", o Brasil teve a pior avaliação entre os Brics, ficando em 74º lugar. Nesse ponto, Rússia e China superaram o Brasil. Dentro da mesma categoria, os indicadores nas piores posições foram brasileiros: segurança pessoal (122ª ), terror político (107ª), quantidade de crimes violentos (103ª), mortes no trânsito (104ª) e taxa de homicídio (109ª).
Já em "bem-estar"–conhecimento básico, informação, comunicação, liberdade de imprensa, poluição, expectativa de vida etc– o Brasil aparece na 38ª, à frente de todos do Brics e a apenas duas posições dos Estados Unidos.
Heloísa explica que, na medida em que os países começam a crescer economicamente e a dividir pelo PIB per capta, na primeira fase conseguem atender mais o primeiro quesito do índice: as necessidades básicas. Porém, o Brasil foge a essa tendência, está melhor posicionado em bem-estar e oportunidade, pontos que puxam o país para o intermediário do ranking.
A representante da pesquisa no Brasil conta que o fato que faz o país estar mal colocado no quesito necessidades básicas é a questão geográfica, a difícil missão de atingir e beneficiar cada ponto do quinto maior país do mundo.
Na lista geral de desenvolvimento social, os três primeiros colocados são: Nova Zelândia, Suiça e Islândia. No fim da lista estão: Burundi (130ª), República Centro Africana (131ª) e Chade (132ª).