Folha de S. Paulo


Casa do Zezinho faz 20 anos e já beneficiou 13 mil na periferia de SP

Neste mês de março, a associação sem fins lucrativos Casa do Zezinho completa 20 anos de existência e assistência educacional aos jovens da zona sul de São Paulo. Depois de beneficiar mais de 13 mil pessoas e acompanhar a evolução social deles, a pedagoga Dagmar Garroux, 59, finalista do Prêmio Empreendedor Social em 2011, planeja um ano de grandes comemorações para os zezinhos.

Para comemorar as duas décadas de existência, Tia Dag, como é conhecida a empreendedora, está realizando uma série de eventos especiais para os jovens: palestras, visitas e cursos, entre outros.

Os projetos voltados aos adolescentes da periferia da zona sul vão de cursos de gastronomia e oficina de criação de aplicativos a aulas de música e esportes. No total são 47 atividades diferentes e 1.500 atendidos atualmente. "Nosso maior objetivo é fazer com que esses jovens tenham autoestima elevada, que se encontrem na vida e que possam atingir seus os sonhos de vida", conta Dagmar.

Renato Stockler/Na Lata
A pedagoga Dagmar Garroux, a Tia Dag,na sede do projeto Casa do Zezinho, em São Paulo
A pedagoga Dagmar Garroux, a Tia Dag,na sede do projeto Casa do Zezinho, em São Paulo

Por meio de uma tecnologia social, a pedagogia do Arco-Íris, desenvolvida pela própria Casa do Zezinho, abre portas e procura inserir na sociedade jovens em situação de vulnerabilidade e risco social. O processo de evolução de cada jovem é representado por uma cor do arco-íris e a mudança de um estágio para outro significa uma evolução.

Nesses 20 anos, Dagmar, pedagoga pela Universidade de São Paulo, viu muita coisa mudar na vida dos jovens do Capão Redondo, Jardim Ângela e região. "Antes comemorávamos quando eles terminavam o primeiro grau. Anos depois, vemos que o que eles querem é estar na faculdade e alguns já estão conseguindo", diz. Segundo a empreendedora, na periferia da zona sul a Casa do Zezinho passou a ser referência para os jovens mudarem de vida e atingirem seus objetivos.

A pedagogia da Casa do Zezinho foca na elevação da autoestima do indivíduo e, segundo a fundadora da associação, isso surgiu efeito. Os jovens não têm mais medo de sair do "gueto". Agora, eles querem conhecer novos lugares e pessoas. "O hip hop e, principalmente, os Racionais MC's, também ajudaram nesse período. Agora, eles [os jovens da periferia] têm objetivos maiores, até de sair do Brasil", conta.

Com dezenas de oficinas educacionais em prática e um livro sobre os 20 anos da Casa do Zezinho em produção, Tia Dag empreende em um centro de acupuntura para os pais dos zezinhos e, também, tem como objetivo que a associação se torne autossustentável em cinco anos, sem depender dos parceiros.

"É por meio da educação que se vai mudar o país. Educação de verdade, de médio e longo prazo. Com investimos no social, pessoal e profissional", diz.


Endereço da página:

Links no texto: