Folha de S. Paulo


"Cabe a cada um de nós doar o que temos de melhor", diz voluntária da ONG Motivar

No litoral do Rio Grande do Norte está a Vila de Ponta Negra, ponto turístico do Estado localizado no Morro do Careca. Apesar da beleza, existe um contraste social: o crack vem devastando a vida das crianças da região.

A "bodyboarder" e moradora do bairro Aline Mello viu alguns de seus amigos perderem a "guerra" para a droga e outros serem presos. Para ajudar a mudar a realidade da região, que não possui biblioteca, quadra esportiva ou qualquer outro tipo de atividade esportiva, a atleta decidiu fundar o Motivar e ensinar surfe para as crianças.

"O Projeto Motivar não nasceu de uma ideia, mas de uma necessidade que temos que aqui dentro", explica Aline. A iniciativa trabalha com crianças de 10 a 16 anos e tem como meta tirá-las das ruas no período do contraturno escolar, quando ficam mais expostos ao problema social. "Dessa forma, a gente afasta ele do tráfico e pode transformá-lo em um ser humano capaz de ingressar positivamente na sociedade", diz.

Atualmente o projeto oferece aulas de "bodyboard", inglês, ioga, educação ambiental, reforço escolar, antidrogas e antiviolência. O objetivo é trabalhar com as crianças da comunidade e que estejam matriculadas na rede pública de ensino.

A também "bodyboarder" e voluntária do Motivar Débora Nascimento conta que já consegue ver resultados nas 25 crianças que formam a iniciativa: elas melhoraram o comportamento em casa e na rua. "Vejo minha comunidade sendo devastada pela violência, drogas e prostituição. Isso me deixa muito triste, mas ao mesmo tempo me dá motivação para lutar contra isso".

As mães das crianças que estão no projeto também percebem as mudanças. Neire Galvão passava por momentos difíceis com a família após a morte de seu marido, o que afetou seu filho, que ficou com depressão. "Hoje em dia ele vive normal, como uma criança feliz", comenta.

No começo, Aline temeu que as crianças tivessem dificuldades com o surfe e as atividades no mar, mas logo elas superaram. Hoje, já participam de campeonatos e há uma equipe para disputar títulos fora do Rio Grande do Norte. "Cabe a cada um de nós doar o que a gente tem de melhor. O que tenho é ser "bodyboard" é o que estou doando e está agregando um valor enorme à vida dessas crianças".

Veja vídeo

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Os vídeos serão publicados no site www.imaginanacopa.com.br e aqui, no Empreendedor Social.


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