Folha de S. Paulo


Oxford revela como a imaginação potencializa a transformação social

Qual é a função da imaginação na transformação social? Para os educadores Clayton Lavallin, 31, e Sarah Thorne, 28, ela é a ferramenta chave para uma nova forma de engajamento que ajudará a criar alternativas a fim de garantir a sustentabilidade e a qualidade de vida na construção de um mundo viável.

"Especialmente porque, em nossa imaginação, somos capazes de ir para além das nossas próprias situações da vida e explorar novas possibilidades", diz Thorne, mestre em escultura social pela Oxford Brookes University.

O casal está no Brasil para realizar o workshop "Reimaginando Comunidades", que apresentará métodos de exploração e participação a serem aplicados em ações nas áreas sociais. "Apesar de termos a capacidade da imaginação, não estamos habituados a usá-la como uma ferramenta para compreender e transformar o mundo", explica Lavallin, gerente do setor de desenvolvimento comunitário da prefeitura de Oxford, nos Estados Unidos.

"A utilização precisa da imaginação, isto é, com base em uma imaginação holística e nas percepções sensoriais do que é, em conjunto com uma visão inspirada do que poderia ser, exige o cultivo de algumas faculdades."

A abordagem do programa utiliza metodologias de escultura social, ecologia profunda, permacultura social e desenvolvimento comunitário baseado em habilidades. "O que liga essas linhas diversas e inovadoras é a compreensão de que o ser humano é inerentemente criativo e capaz de se adaptar e transformar positivamente o seu próprio ambiente", conta Thorne.

Entre os métodos utilizados, o conceito de escultura social considera as atividades sociais como um novo conceito de arte, onde todo homem é um artista. O tema apareceu a partir do século 20 e teve como um dos precursores o artista alemão Joseph Beuys, que trouxe uma perspectiva distinta do trabalho, sem categorização. Beuys plantou árvores, concorreu como candidato do Partido Verde (partido político e ambiental alemão) e deu palestras sobre política. Assim, viu tudo isso como parte de seu trabalho de arte.

"A escultura social tornou-se um campo de investigação em que, se todos nós somos artistas, o nosso material é o círculo social. Como em qualquer obra de arte, há as esculturas, que são os princípios de formação no centro das nossas estruturas sociais, e nosso acesso a elas depende das habilidades criativas desenvolvidas", afirma Sacks.

Com base neste conceito, Shelley Sacks, aluna e colaboradora de Joseph Beuys, criou a Unidade de Pesquisa de Escultura Social e um curso de mestrado na Oxford Brookes University. O seu trabalho tem como foco incentivar a busca do engajamento público por meio do diálogo, bem como o ensino de estratégias criativas para seus alunos.

Já a permacultura social, outra metodologia usada por eles, explora questões sobre a forma como as comunidades são projetadas para garantir uma qualidade sustentável e uma distribuição de bens mais justa entre todos.

Os educadores já trabalharam em comunidades na Alemanha, Reino Unido, Espanha, Dinamarca, Sérvia e Hungria. Nesses locais, lançaram ações com autoridades locais, setor privado, instituições de caridade e universidades. "Agora queremos desenvolver essas ideias aqui no Brasil e também aprender mais sobre o país", diz Thorne. "Ao criar essas novas ligações entre as áreas anteriormente separadas, esperamos que essa síntese dê origem a novas formas de combater antigos problemas sociais."

O workshop está marcado para os dias 21 e 22 de setembro, em São Paulo, e será realizado em parceria com o ReCivitas, organização civil com foco em cidadania e autogestão. O valor da inscrição é de R$ 1.200, com possibilidades de descontos. Mais informações: recivitas@gmail.com.


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