"Você já deu certo na vida", diz o cartaz levantado por uma garota em frente ao local de provas do Enem, na Barra Funda (zona oeste de SP), neste domingo (12). Um jovem ao lado segurava outra placa: "Seja o vento que espalha a mudança".
No mesmo ano em que pessoas foram até os portões no primeiro dia de provas para zombar dos atrasados, outro grupo diz ter saído de casa para fazer o inverso.
"A gente quer ser uma voz de incentivo", afirma o publicitário Doug Alves, 34, que parou a entrevista com a Folha para dar abraços e desejar boa prova a alguns estudantes que entravam.
Ao menos 20 pessoas ostentavam placas com mensagens de motivação em frente ao ponto de provas. Segurando um pedaço de papelão com a mensagem "Não tenha medo do futuro", a estudante Raphaela da Silva Corrêa, 17, afirmou que trata-se de uma ação feita por grupos ligados a igrejas e à área da educação.
"O objetivo é trazer esperança. Se diz que essa prova de hoje pode definir sua vida. Não acreditamos nisso. A faculdade é um sonho que você pode realizar, mas não te define", afirma ela, que no último ano passou em ciências sociais na Unifesp.
Os jovens também organizaram corredores nos minutos que antecederam o fechamento dos portões.
| Artur Rodrigues/Folhapress | ||
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| Placas com mensagens de motivação em frente a um ponto de provas do Enem |
A entrada dos últimos estudantes desta vez foi comemorada. Assim que as portas foram fechadas, porém, apareceram vários jovens fantasiados passando por atrasados –nenhum deles apresentou a inscrição e documento para provar que participariam mesmo do Enem.
Alguns deles deitavam no chão e fingiam chorar. Outros tentavam escalar os portões, enquanto alguns gritavam emulando canto dos estádios: "e o portão fechou, e o portão fechou".
EXATAS
Em meio ao burburinho que antecedeu a prova, a estudante Karen Arraes, 24, era só concentração.
Com o livro de estudos no colo, revisava exercícios da área de exatas. "A minha preocupação são as fórmulas. Se eu lembrar delas, faço os exercícios", diz ela, que tentará passar em Medicina. Devido à dificuldade para entrar nesta carreira, ela diz que não poderá se dar ao luxo de ir mal em nenhuma disciplina.
Assim como ela, muitos que aguardavam a abertura dos portões da Uninove estavam apreensivos sobre o que viria pela frente no segundo dia de provas do Enem, considerado o mais difícil.
O exame trará as provas de ciências da natureza e matemática, com 45 questões cada uma. Essas foram as disciplinas com menores médias gerais nas últimas três edições.
Esse é o primeiro ano em que matemática e ciências da natureza caem no mesmo dia.
"Fiz a prova no ano passado e estava bem difícil. Estou com um pouco de medo", disse Stephany Ribeiro, 17, que pretende estudar engenharia. Ela diz que preferiu dar um tempo nos estudos no fim de semana. "Agora é hora de concentrar e relaxar".
A esperança de Vitor Alves de Lima, 17, era compensar a pouca aptidão para matemática com os conhecimentos em ciências naturais. "É minha área, quero fazer biologia
PROVA
Os primeiros alunos a sair quanto os portões foram abertos descreveram uma prova complicada, mas sem questões polêmicas. Alguns saíam reclamando e outros riam do fato de, por não saberem as questões, terem saído assim que foram liberados, às 15h30.
"Houve algumas coisas que eu tinha visto no ensino médio, mas muita coisa eu não tinha a mínima ideia. Foi bem complicado", disse Juliana Paula Pires, 17, que pretende prestar enfermagem.
Os amigos Mizael Gomes, 17, e Marissol Dias, 18, disseram que o problema principal não foi a matemática, geralmente vista como bicho papão das provas. "Achei que as questões da área de biologia estavam mais difíceis", afirmou Marissol.
Leonardo Vismona, 17, que já estuda arquitetura e fez o teste em 2016, diz que este ano foi mais fácil. "Para mim foi bem tranquilo".