Folha de S. Paulo


Prova de humanas exigiu preparo de aluno, diz professor; veja correção

A prova de ciências humanas e linguagens do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) exigiu preparo dos candidatos neste domingo (5), segundo professores de cursinhos preparatórios.

Veja a correção extraoficial da Oficina do Estudante
Veja a correção extraoficial do Etapa
Veja a correção extraoficial do Poliedro
Veja a correção extraoficial do Objetivo
Veja a correção extraoficial do Anglo

Para Paulo Moraes, diretor de ensino do Anglo Vestibulares, a prova de geografia foi bem feita e a de português, densa. "Um aluno fraco, médio, que não se preparou, não se sai bem nessa prova. Para conseguir compreender as questões, era preciso ter estudado o conteúdo."

Segundo ele, a prova foi mais difícil do que exames passados. "Foi uma prova de humanas mais densa que o normal, era preciso estar ligado em atualidades. Subiu-se um pouco a régua", afirma.

Coordenador do Curso Poliedro, Vinícius Haidar corrobora a opinião. "Foi uma prova cansativo, com muitos textos longos. Se o aluno teve uma boa estratégia, ele conseguiu ler a prova e resolvê-la; se não, provavelmente não conseguiu terminar."

Marcelo Dias, professor do Grupo Etapa, diz que os enunciados de português, maiores e mais bem trabalhados, ajudaram para deixar as questões mais claras para o candidato. Ele também aponta um maior nível de exigência nas provas de inglês, filosofia e sociologia.

Para Gilberto Alvarez, diretor-executivo do Cursinho da Poli, a prova de linguagens foi mais fácil do que no ano passado e a de Humanas, mais difícil. "Foi cobrado conteúdo mais específico das disciplinas, enquanto que na prova de línguas, foi exigido mais habilidades de compreensão de texto."

Um detalhe que chamou a atenção de Alvarez foi a desatualização dos textos retirados de sites na internet, referentes a publicações feitas em 2012 e 2013. "Isso mostra que o banco de questões não está sendo atualizado. Não compromete a prova, mas não deixa de ser um problema."

Na prova de Humanas, ele chamou atenção para uma questão sobre história da África, disciplina obrigatória no currículo do Ensino Médio e Fundamental, mas que vem sendo inserida com dificuldade pelas escolas públicas e privadas, segundo o professor.

DIREITOS HUMANOS

De acordo com Célio Tasinafo, coordenador pedagógico da Oficina do Estudante, de Campinas (SP), a prova foi carregada de questões sobre direitos humanos.

O tema, que liderou o debate nos dias que antecederam a realização desta edição do exame, esteve apareceu em questões sobre a declaração universal dos direitos humanos e terras indígenas.

Para Tasinafo, esta foi a prova que mais se diferenciou das edições anteriores. Com textos mais enxutos do que a prova de linguagens, ela exigia conhecimentos específicos das disciplinas para resolução das questões, segundo o coordenador.

Na parte de linguagens, como em anos anteriores, os textos longos e abundantes exigiam atenção do candidato.

"A diversidade de linguagens, contemplando vários gêneros, como poesia, propaganda e imagens, também foi uma marca desta prova. O aluno que se preparou para lidar com essas diferentes linguagens se saiu melhor", afirma Tasinafo.

Entre os textos de apoio às questões, havia músicas de Chico Buarque e Racionais, além de trechos de José Saramago e Clarice Lispector. Perguntas de ciências humanas abordaram, por exemplo, as medidas do corpo da Barbie para discussão sobre padrões estéticos.

QUESTÃO DÚBIA

De acordo com o professor Eduardo Figueiredo, do Colégio Objetivo, há uma questão com duas respostas consideradas corretas na prova. Ela aborda a Lei das Doze Tábuas, que deu origem à Constituição romana. Há duas alternativas que definem o termo jurídico corretamente: "invenção de códigos jurídicos que desarticulou as aristocracias" e "criação de normas coletivas que diminuiu a desigualdade de tratamento".

"É uma questão dúbia que pode deixar o aluno confuso", disse o professor.

Além disso, ele chamou atenção para a complexidade dos textos que os alunos tinham que ler para responder as questões. "Foram usados textos profundos, de filósofos como Sócrates, Kant e Aristóteles. Em média, o aluno tem três minutos para cada questão, é complicado", diz.

O gabarito oficial da prova será divulgado no próximo dia 16.


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