Todas as escolas da rede estadual de São Paulo localizadas na capital paulista terão, ainda neste semestre, um painel com metas em indicadores educacionais e estratégias para alcançá-las.
O quadro faz parte de um novo projeto do governo Geraldo Alckmin (PSDB) com foco em gestão escolar voltada a resultados. O programa prevê a formulação de planos personalizados e monitorados pela própria comunidade escolar, com etapas de identificação de deficiências no desempenho dos alunos, plano de ação pedagógica e análise de resultados, bem como ajuste de rotas.
O painel ficará visível a toda comunidade escolar, incluindo os resultados no índice de desenvolvimento educacional do Estado, o Idesp. Segundo o secretário de Educação, José Renato Nalini, a própria comunidade escolar irá produzir o mural, em uma ação entre educadores e alunos.
"O mais importante é que estimula a autonomia da escola, que entende as dificuldades e estabelece como enfrentá-las. [No painel] há fotografias que os aluno tiraram, observações que eles fizeram, é uma obra coletiva", diz.
Questionado sobre o risco de estigmatizar escolas que tenham resultados negativos, em que a infraestrutura e perfil dos alunos possam ter grande influência, o secretário reforçou que a ideia segue o princípio da transparência, "para que todos acompanhem o desempenho dos alunos".
"A escola vai colocando as atividades que desenvolveu e tentando mostrar o que conseguiu com isso. Não significa que haja só êxitos no painel".
Com a previsão do chamado Método de Melhoria de Resultados, o programa intitulado Gestão em Foco, prevê ao todo todo oito etapas. O conhecimento e identificação do problema já foram realizados para as escolas participantes por equipes regionais, formadas por supervisores de ensino e gestores. Na sequência, há um esforço para entender as causas.
A composição dos planos de ação é de responsabilidade de cada escola. A escola também vai monitorar os resultados, corrigir rumos e registrar práticas exitosas.
Segundo a secretaria de Educação, dados de uma prova já existente na rede, chamada Avaliação de Aprendizagem, e armazenados em uma plataforma digital, possibilitam criar mapas de desempenho dos alunos para cada sala. Os resultados são de matemática e português.
As informações facilitam que os professores, de acordo com o governo, entendam quais habilidades precisam ser complementadas, priorizadas ou reforçadas.
O projeto é orientado para a melhoria dos resultados do Idesp. O índice é realizado todos os anos e leva em conta o desempenho dos alunos em uma prova de português e matemática e taxas de aprovação e abandono.
Na última edição, de 2016, o indicador subiu nos iniciais do ensino fundamental (5º ano) e no ensino médio. Caiu nos anos finais (9º ano)
O desempenho em matemática, entretanto, caiu tanto nas duas etapas do ensino fundamental como no médio. Em português, houve melhora no aprendizado no 5º ano do e no 3º do médio, mas uma leve queda no 9º ano.
EXPANSÃO
O programa chega neste semestre às 1.082 escolas estaduais da capital paulista. O plano é que até 2019 a iniciativa esteja em todas as unidades do Estado. No total, são 5,3 mil escolas.
MATEMÁTICA - Desempenho dos alunos na rede estadual de SP no Saresp
Um plano piloto realizado em 77 escolas da zona leste foi iniciado em 2016. Essas unidades registraram crescimento de 15% no Idesp, entre 2015 e 2016, ainda segundo o governo.
A metodologia foi criada pela Falconi Consultores de Resultado para a ONG Parceiros da Educação, que atua em parceria com a secretaria em escolas do Estado. A organização reúne empresas e empresários e, desde 2004, já atuou em 262 escolas.
PORTUGUÊS - Desempenho dos alunos na rede estadual de SP no Saresp
O governo espera com o projeto melhorar o aprendizado de 1 milhão de estudantes do ensino fundamental e médio.
De acordo com o professor Francisco Soares, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), a ideia de expôr os dados à comunidade escolar pode ter um reflexo positivo.
"A escola precisa enfrentar a sua realidade no cotidiano, aprender a trabalhar com os fatos e dados, porque eles concretizam o aprendizado de crianças", diz. Por trás dos dados temos os alunos".
Mas soares, estudioso em avaliação educacional, ressalta que há cuidados a se tomar. "Se eu vou monitorar o sistema, tenho que ter as informações de resultados e as informações de recursos. Não faz sentido o painel não ter nada de recursos, porque o painel é descrição da realidade. E se o painel for mal feito, não vai servir para nada".
Segundo Nalini, o projeto não tem previsão de orçamento da secretaria por enquanto. O desenvolvimento do método foi custeado pelos Parceiros da Educação.