Folha de S. Paulo


Número de estudantes de pedagogia a distância supera presencial

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O número de estudantes de pedagogia a distância não apenas cresceu nos últimos anos como ultrapassou, em 2014, os matriculados em cursos presenciais.

São 342 mil matriculados nas graduações EaD e 313 mil nas presenciais, de acordo com dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

Do computador para a lousa -

A maior parte dos alunos, segundo as universidades, são profissionais da educação ainda sem curso superior que encontram na modalidade uma forma de conseguir o diploma, melhorar a atuação e ascender a outros postos na carreira, com melhores salários.

No Brasil, cerca de 40% dos professores de ensino médio e fundamental não têm formação adequada para a matéria que ensinam, segundo números do Inep.

"Precisamos melhorar esse índice, mas os profissionais não têm tempo para sentar no banco da universidade", afirma Josiane Maria de Freitas Tonelotto, reitora da EAD Laureate, rede que inclui instituições como FMU e Anhembi Morumbi.

Um curso a distância, com horários mais flexíveis, é a melhor oportunidade para esse público adquirir formação.

Outro atrativo, de acordo com Maria Alice Carraturi, presidente da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), é a rápida absorção desse profissional pelo mercado de trabalho.

A Univesp, instituição que oferece cursos de graduação gratuitos em parceria com universidades estaduais como USP e Unicamp, dará início, em agosto, à graduação de pedagogia EaD em 83 polos presentes em 51 cidades do Estado de São Paulo.

O curso conta com o apoio das prefeituras, que montaram os centros presenciais.

A procura pelo vestibular, segundo Carraturi, foi alta, com concorrência que chegou a 33 candidatos por vaga em alguns polos. No total, foram abertas 4.220 vagas.

BARREIRA TECNOLÓGICA

Em um país onde as escolas ainda são tradicionais, e as tecnologias educacionais ficam do lado de fora de grande parte delas, como esse profissional, que tem uma formação virtual, vai trabalhar?

Segundo Willian Lazaretti, coordenador dos cursos de graduação do Senac EAD, esses professores ganham recursos para trabalhar com ferramentas digitais e superar o desafio de incluir tecnologia na sala de aula.

"Ele desenvolve familiaridade com o ambiente virtual para, por exemplo, criar um fórum de discussão ou postar atividades on-line para seus alunos", afirma.

Com polos longe de grandes centros, surge o desafio de promover um ensino que dê conta de diferentes realidades das escolas brasileiras.

"No ambiente virtual de aprendizagem, o aluno da Bahia interage com o do Rio Grande do Sul", diz Melina Klaus, gerente acadêmica da Kroton, grupo dono de universidades como Unopar e Anhanguera.

Para ela, se o curso tem conteúdos que englobam várias realidades, contribui para ampliar a visão do aluno.

"Está claro hoje que a modalidade EaD não têm nenhuma fragilidade em relação à presencial. A diferença está em como o conteúdo é disponibilizado", afirma Klaus.

Tonelotto acrescenta que esses cursos não podem ser apenas uma transposição da graduação presencial e devem estimular as discussões e o pensamento crítico.

"Se os alunos ganham autonomia, nunca vão parar de estudar e aprender", diz.


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