Folha de S. Paulo


Adultos formados voltam ao vestibular em busca de transformação

Profissionais formados que decidem fazer um novo vestibular encontram desafios como, por exemplo, a necessidade da revisão de conceitos e equações há muito deixados para trás e o gerenciamento do tempo e do dinheiro, que podem ter ficado mais restritos com o passar dos anos.

Mas há também vantagens trazidas pelo amadurecimento e o acúmulo de experiências, coisas que ajudam a controlar a ansiedade na hora da prova, a fazer uma melhor interpretação das questões propostas no exame e até a elaborar uma redação mais consistente.

Embora no início seja necessário ir atrás do conteúdo esquecido, o adulto tem mais ferramentas para interpretar a realidade, desde que bem informado sobre questões contemporâneas, afirma Gilberto Alvarez, diretor executivo do Cursinho da Poli.

"Com maior bagagem, a pessoa pode fazer mais conexões entre temas e isso ajuda a entender o mundo", diz ele.

Para Rodrigo Fulgêncio Mauro, coordenador do Curso Poliedro, os mais velhos estão menos sujeitos a flutuações emocionais que causam insegurança na prova.

"Esses alunos normalmente pagam a própria mensalidade e tendem a levar a rotina do pré-vestibular de uma maneira mais séria e profissional", acrescenta ele.

Keiny Andrade/Folhapress
Fábio Paschoalini, 39, analista de sistemas
Fábio Paschoalini, 39, analista de sistemas

PROFISSÃO DO SONHO

A possibilidade de realização pessoal por meio de uma nova profissão, em muitos casos, é o que leva os adultos de volta aos cursos preparatórios para o vestibular. E esse público está crescendo, segundo a estimativa de coordenadores das escolas.

"A maioria das pessoas com mais de 25 anos que procura o curso já é graduada, mas estava infeliz com sua profissão", afirma Mauro, do Poliedro. "Agora, esses candidatos estão buscando fazer o que realmente gostam e sonham."

Depois de cerca de 20 anos trabalhando como analista de sistemas, o cientista de computação Fábio Paschoalini, 39, voltou a encarar as aulas de cursinho.

"Tive uma boa carreira. Mas, hoje, meu foco não é mais o dinheiro, e sim o desejo de me tornar um bom profissional", diz. Ele começou a preparação financeira para a mudança há três anos e agora estuda no Poliedro.

O curso escolhido por Paschoalini foi medicina que, de acordo com Fulgêncio Mauro, é a opção preferida entre os candidatos mais velhos que procuram a escola.

"É uma carreira na qual profissionais com mais idade não encontram tantos empecilhos", diz o coordenador.p(gallery). O cotidiano dos vestibulandos

ESCOLHAS MELHORES

As preocupações com eventuais limitações da idade devem ser deixadas de lado, de acordo com Laura Alberto, professora do curso de psicologia da universidade Anhembi Morumbi.

"É necessário, antes de tudo, avaliar a energia e a vontade de entrar nesse caminho", afirma ela.

"Uma avaliação do que já deu certo e das dificuldades individuais ajudam a fazer uma melhor escolha do curso; nenhuma experiência anterior deve ser jogada fora", completa a professora.

O técnico de enfermagem e funcionário público Augusto Máximo Baratti, 29, viu no retorno à universidade a possibilidade de dar um novo significado tanto para sua carreira quanto para sua vida.

Em 2014 ele se formou em sua primeira graduação: gastronomia. Insatisfeito com o mercado da área, Baratti permaneceu na carreira pública e, no início deste ano, voltou para o pré-vestibular, no Cursinho da Poli. Agora, seu objetivo é ingressar na faculdade de medicina.

"Sei que a visão de mundo e os conhecimentos que adquiri até aqui não serão desperdiçados, irão ajudar na minha próxima carreira", diz.

Keiny Andrade/Folhapress
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