Folha de S. Paulo


Fila por vaga em creche ganha quase 23 mil nomes na gestão Doria

No primeiro trimestre da gestão João Doria (PSDB), 22.866 crianças entraram na fila por uma vaga em creche na capital. Ao todo, a demanda subiu 35% em relação ao último balanço, publicado em dezembro de 2016. No início do ano, a fila tinha 65.080 nomes. Em março chegou a 87.906.

Sophia Ferreira de Oliveira, de 1 ano e 8 meses, por exemplo, espera desde novembro por uma vaga na creche no bairro onde mora, o Jardim Helian, em Itaquera (zona leste). Segundo a mãe, a operadora de caixa Marta Ferreira da Silva, 25, o nome da menina cai na lista de espera.

"Ela estava na posição 13 e agora está na 33. Eu estou indo na escola com frequência, mas não tem uma previsão de quando a vaga dela vai sair, e enquanto isso eu não posso trabalhar", disse. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, Sophia espera por uma vaga em quatro unidades próximas do local onde a família mora.

Segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal da Educação, foram criadas apenas 2.943 vagas nos três primeiros meses do ano, o equivalente a 12,8% das solicitações feitas até março. Em relação ao mesmo período de 2016, último da gestão Fernando Haddad (PT), a demanda se mantém praticamente estável, com 88.356 crianças –queda de 0,5%.

Fila da creche em São Paulo - Números no mês de março de cada ano

A zona sul ainda concentra os distritos com as maiores filas. O Jardim Ângela lidera as solicitações, com 5.641 crianças fora das creches. Moradora da zona norte, a assistente financeira Thamires Ferraz, 29, conta estar em uma situação bastante complicada com a filha Laura, de 1 ano e 5 meses. A menina saltou da posição 6 para a 65 da fila em Lauzane Paulista, no Mandaqui.

"A escola em que eu fiz o cadastro dela diz que os pais que entraram com processo judicial passam na frente e ela só vai caindo na fila. Eu estou sem alternativas." Segundo a mãe, nesse ritmo, a perspectiva é que demore cerca de um ano para que a criança seja chamada. Laura aguarda vaga em nove unidades próximas.

Fila da creche em São Paulo - Bairros com maior fila, em março de 2017

ZERAR A DEMANDA

No início da disputa à prefeitura, Doria chegou a prometer zerar a demanda por creche já em dezembro deste ano. Após assumir a cadeira, recuou e estendeu o prazo para março de 2018, um ano após o lançamento do programa Nossa Creche.

Durante a apresentação, o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, disse ter sido necessário mudar a estratégia de criar salas em agências bancárias desativadas, uma das bandeiras de Doria durante a campanha. Segundo ele, as instituições financeiras optaram por contribuir com dinheiro e não com o espaço físico.

Fila da creche

A aposta do governo tucano é financiar o aumento de vagas por meio de doações de empresas e pessoas físicas ao Fumcad (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente). A doação é feita por meio de dedução do imposto de renda, que pode ser de até 1% no caso de pessoas jurídicas e de 6% para pessoas físicas.

A prefeitura ainda negocia com o Metrô e a CPTM para a implantação de creches em estações. Já nos 26 terminais de ônibus, as empresas que assumirem a gestão serão obrigadas a fazer a instalação das unidades.

OUTRO LADO

A Secretaria Municipal da Educação disse, em nota, que aumentou o ritmo de criação de vagas e até março de 2018 vai atender as 65,5 mil crianças que esperavam na fila em dezembro. O texto afirma que nos três primeiros meses da atual gestão, as matrículas na educação infantil foram ampliadas em 8.879 vagas, sendo 4.439 delas em creche –1.354 ainda estão em fase de processo.

A pasta soma também as 38 matrículas em processo em dezembro de 2016. Sobre o aumento da fila, disse que a demanda é sazonal. As crianças tratadas na reportagem estão cadastradas.


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