Folha de S. Paulo


Ideb do ensino médio irá abranger todas as escolas públicas e privadas

Apu Gomes/Folhapress
SO PAULO, SP, BRASIL, 19-08-2011, 07h00: GOVERNO LOTA SALAS DE AULAS. Alunos do 1 ano do ensino medio em aula de Matematica na Escola Estadual Professor Wolny Carvalho Ramos, na Vila Regente Feijo, zona leste de Sao Paulo, escola considerada modelo pelo governo do Estado, com uma media de 35 alunos por sala de aula. Escolas Estaduais de Sao Paulo possuem mais alunos em sala de aula que o recomendado MEC. (Foto: Apu Gomes/Folhapress, Cotidiano ) *** EXCLUSIVO*
Estudantes em aula de matemática em escola estadual de São Paulo

A próxima edição do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica ) contará com notas de todas as escolas de ensino médio do país, incluindo públicas e particulares. Atualmente, o ensino médio não tem notas por escola. Só há um índice geral da etapa, por amostragem.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação, anunciou pelas redes sociais nesta quinta-feira (23) que a avaliação de português e matemática –feita até hoje apenas por uma amostra de escolas– será ampliada para todas as escolas. Todos os alunos do 3º ano do ensino médio deverão fazer a avaliação federal neste ano.

Dessa forma, será possível ter um Ideb de cada unidade, como já ocorre nos anos iniciais e finais do ensino fundamental.

Ainda não há definição oficial, mas a Folha apurou que o Ideb do ensino médio deve substituir a divulgação dos resultados por escola do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Para Reynaldo Fernandes, professor da USP e presidente do Inep quando o Ideb foi criado, em 2007, a decisão é positiva. "Com uma prova universal no ensino médio, as escolas vão ganhar [recebendo os dado]", diz.

Fernandes conta que, na época da criação do Ideb, a aposta do MEC era que o Enem cumprisse o papel de oferecer dados sobre as escolas, embora nunca tenha sido descartado ampliar a Prova Brasil para essa etapa. "Mas acho que o Enem, com os desafios logísticos, acabou tomando a discussão dentro do Inep", diz.

A divulgação de dados do Enem por escola causaram críticas de especialistas porque o exame não tem a função de avaliar a unidade. Além disso, os critérios de divulgação das médias por escola deixam um grande percentual de unidades sem informações.

Na última edição do Ideb, 60% das escolas públicas brasileiras ficam fora da lista do Enem. Só têm a média divulgada escolas em que ao menos metade dos alunos fizeram o Enem têm suas notas divulgadas. Também é necessário um mínimo de dez alunos participantes.

O professor Francisco Soares, também ex-presidente do Inep, acredita que o Enem seria capaz de oferecer um bom retrato das escolas. "Seria ainda mais interessante que mais escolas particulares do ensino fundamental participassem da Prova Brasil", diz ele.

A mudança ocorre após o governo Michel Temer (PMDB) conseguir aprovar a reforma do ensino médio. O MEC também planeja mudanças no formato do Enem, tanto para cortar custos com a realização da prova como para adequar a prova ao previsto na nova estrutura do ensino médio.

Com a ampliação, é prevista a participação de mais de 7,5 milhões de estudantes, segundo o Inep. Desses, 2,4 milhões são alunos do 3º no do médio em unidades públicas e privadas. O restante, do ensino fundamental (fazem a avaliação alunos do 5º e 9º anos).

Ainda não há informações sobre custos para uma aplicação censitária da Prova Brasil (avaliação federal que compõe o Ideb). Também não está certo como o governo vai convencer as escolas particulares a participarem do processo.

Além do desempenho na prova, o índice leva em conta taxas de aprovação escolar. A avaliação é realizada a cada dois anos.


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