Folha de S. Paulo


Brasil perde 2,1 milhões de alunos em tempo integral no ensino fundamental

Apu Gomes/Folhapress
SO PAULO, SP, BRASIL, 19-08-2011, 07h00: GOVERNO LOTA SALAS DE AULAS. Alunos do 1 ano do ensino medio em aula de Matematica na Escola Estadual Professor Wolny Carvalho Ramos, na Vila Regente Feijo, zona leste de Sao Paulo, escola considerada modelo pelo governo do Estado, com uma media de 35 alunos por sala de aula. Escolas Estaduais de Sao Paulo possuem mais alunos em sala de aula que o recomendado MEC. (Foto: Apu Gomes/Folhapress, Cotidiano ) *** EXCLUSIVO***
Alunos do 1º ano do ensino médio de escola estadual na Vila Regente Feijó, zona leste de São Paulo

O número de matrículas em tempo integral no ensino fundamental registrou queda de 46% no ano passado em comparação com 2015, de acordo com o último censo escolar divulgado nesta quinta-feira (16) pelo Inep, órgão do Ministério da Educação.

Segundo os dados, o Brasil possui 27,5 milhões de matrículas nessa etapa do ensino, em escolas públicas e privadas. Desse total, 9,1% (cerca de 2,5 milhões) dos estudantes estão matriculados em tempo integral.

Em 2015, o ministério havia registrado 27,8 milhões de matrículas, sendo cerca de 4,6 milhões em tempo integral. Com isso, o ensino fundamental em tempo integral teve um recuo de 2,1 milhões de matrículas.

Já o ensino médio, um dos focos de atenção do governo Michel Temer, teve uma leva expansão do percentual de alunos em tempo integral: passou de 5,9%, em 2015, para 6,4%, em 2016. Cerca de 8,1 milhões de matrículas foram registradas nessa etapa de ensino.

Escola em tempo integral - Matrícula caiu 46% no ensino fundamental em comparação com 2015. Números em milhões

O MEC diz ainda que o interesse pelo ensino médio integral aumentou em 2016, se comparado com 2015, em torno de 8,6%. Já as matrículas no ensino médio regular subiram 0,7% de 2015 para 2016.

Apesar do aumento do investimento nos últimos anos, as tendências dos anos anteriores permanecem inalteradas e ainda distantes das metas do PNE (Plano Nacional de Educação). Uma dessas metas é a educação em tempo integral cujo objetivo do governo federal é atingir ao menos 50% dos alunos de toda a educação básica.

O censo coleta ainda informações sobre infraestrutura das escolas, como acesso à biblioteca e internet. Os dados mostram que quadras esportivas e vias adequadas para alunos com deficiência, por exemplo, ainda são necessárias em boa parte das unidades.

REFORMA ENSINO MÉDIO

Nesta quinta (16), o presidente Michel Temer sancionou a lei que altera o ensino médio e consolida, entre outros pontos, a flexibilização da grade curricular. As redes, entretanto, não terão obrigação de oferecer um leque de opções para os alunos.

Com a reforma, o ensino médio passa a ser organizado com uma área comum, referente a 60% da carga horária, e uma segunda parte a ser escolhida pelo aluno a partir de cinco áreas: ciência humanas, ciências da natureza, matemática, linguagens e educação profissional.

REFORMA DO ENSINO MÉDIO - Texto sancionado altera Lei de Diretrizes e Bases da Educação

A reforma tem prazo de implementação de dois anos após a aprovação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que vai descrever o que os alunos devem aprender. A base orientará os conteúdos da parte comum (referente a 60%) da grade curricular.

Como o bloco do ensino médio da BNCC só fica pronto no ano que vem, a flexibilização deve entrar em vigor somente após 2020. Mudanças valem para as escolas públicas e privadas.

O que já passa a valer é o prazo de cinco anos para ampliar a carga horária mínima -de 4 horas para 5 horas diárias. As redes devem progressivamente chegar a 7 horas (ensino integral). O Plano Nacional de Educação prevê 25% das matrículas nesse modelo até 2024 -hoje são 6%.

O MEC anunciou que vai investir R$ 1,5 bilhão em quatro anos para ampliar o número de escolas de tempo integral.


Endereço da página:

Links no texto: