Folha de S. Paulo


Neuroeconomia busca origem das decisões tomadas por impulso

Como experiências, memória, autocontrole e emoções influenciam nas tomadas de decisão? A resposta pode vir da neuroeconomia, campo que estuda a relação entre cérebro e comportamento nos processos decisórios.

A área usa conceitos de neurociência, economia, matemática, estatística e ciências sociais. O estudo do tema não favorece apenas quem trabalha com dinheiro.

"Compreendendo a economia como a ciência que estuda a alocação de recursos, tudo tem um aspecto econômico: até um relacionamento afetivo envolve uso de recursos como tempo, energia", diz Pedro Calabrez, do curso de neuroeconomia da Casa do Saber, em São Paulo.

A proposta é fazer o aluno compreender o que está envolvido em um processo decisório e aplicar os conhecimentos em sua profissão.

"A neuroeconomia serve para entender como a decisão é gestada e como se separa o racional do não racional", explica Álvaro Machado Dias, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Os estudos em neuroeconomia no Brasil são variados. A maior oferta está em linhas de pesquisa inseridas em programas de mestrado e doutorado em neurociências. Na Unifesp, o conceito é usado para estudar tomadas de decisão em pessoas saudáveis e em pacientes psiquiátricos.

Pos graduação

Já na UFABC (Universidade Federal do ABC), o foco é em decisões futuras sobre consumo. As pesquisas visam entender as razões da compra por impulso e encontrar ferramentas que ajudem as pessoas a consumir menos. É o tema do trabalho de Camila Agostino, 26, que é formada em letras e fez mestrado em neuroeconomia na UFABC.

"Vejo a possibilidade de desenvolver políticas públicas para ajudar as pessoas a tomarem decisões mais conscientes de consumo", diz.

Já as especializações dão uma visão sobre o cérebro e abordam relações de trabalho. As aulas mostram como a tomada de decisões envolve aspectos racionais e questões emocionais que influenciam nos negócios.
"Muitas vezes um executivo pode ser hiperotimista sem a percepção do que está envolvido nessa análise", afirma Cláudio Pinheiro Machado Filho, coordenador de projetos da FIA (Fundação Instituto de Administração), que oferecerá um curso de extensão na área nos próximos meses.

*

ÁREA ENVOLVE CONVERSA DE MUITAS VOZES

Adriano Vizoni/Folhapress
O psicólogo Henrique Akiba, 29, que fez especialização e doutorado em neuroeconomia na Unifesp
O psicólogo Henrique Akiba, 29, que fez especialização e doutorado em neuroeconomia na Unifesp

Quando ainda estava na graduação, o plano do psicólogo Henrique Akiba, 29, era ser psicoterapeuta. Mas ele conheceu estudos na área de neuroeconomia, na Unifesp, e mudou de ideia na hora.

"Chamou a minha atenção a característica transdisciplinar do tema", diz ele, que é vinculado ao doutorado na USP, mas realiza sua pesquisa em neuroeconomia na Unifesp.

"O processo de tomada de decisão conversa com várias áreas do conhecimento, como economia, psicologia, ciências sociais aplicadas e medicina, que é o foco da minha pesquisa", afirma Akiba.

Henrique tem colegas das áreas de marketing, comunicação e economia, além de profissionais de biológicas.

*

ONDE ESTUDAR

NEUROCIÊNCIAS/PSIQUIATRIA

MODALIDADE
mestrado e doutorado
ONDE
Unifesp - São Paulo
DURAÇÃO
2 anos e 4 anos, respectivamente (prorrogáveis em casos específicos)
QUANTO
gratuito

NEUROCIÊNCIAS E COGNIÇÃO

MODALIDADE
mestrado e doutorado
ONDE
UFABC - São Bernardo do Campo
DURAÇÃO
2 anos e 4 anos, respectivamente (prorrogáveis em casos específicos)
QUANTO
gratuito


Endereço da página:

Links no texto: