Folha de S. Paulo


Escola de elite que forma 'cidadão global' chega a São Paulo até 2018

Uma escola onde alunos de 5 anos são fluentes em inglês e mandarim, aprendem a mexer em impressoras 3D e comem lagosta orgânica no refeitório; no ensino fundamental, aprendem matemática pelo método de Cingapura e, no ensino médio, constroem casas de selva com painéis de energia solar e estudam religiões do mundo. Ao final, entram em universidades como Harvard, Yale e Stanford.

Essa escola está chegando ao Brasil. A filial paulistana da Avenues, escola de elite de Nova York, começará a aceitar pedidos de matrícula em março do ano que vem.

A escola foi inaugurada em 2012 em Nova York com o objetivo de formar "cidadãos globais". Conquistou celebridades (a filha de Tom Cruise, Suri, estuda lá), milionários e profissionais liberais. Ao custo de US$ 50 mil por ano, a escola promete formar alunos que serão "confiantes", mas "humildes quanto a seus talentos e generosos de espírito", além de "honestos e conscientes de que seus comportamentos influenciam nosso ecossistema". "Se você é verdadeiramente um cidadão global, você tem empatia pelos outros, entende que as pessoas são diferentes, mas no fundo são iguais", disse à Folha Alan Greenberg, um dos fundadores.

Reprodução

Em São Paulo, a Avenues está sendo construída no bairro de Cidade Jardim, com projeto do escritório de arquitetura Aflalo e Gasperini. Começa a funcionar em agosto de 2018 (segue o calendário do hemisfério norte). Os próximos campi da Avenues serão em Xangai, Miami, Vale do Silício, Londres e Doha.

Nos EUA, a escola começou com um investimento de US$ 100 milhões e depois recebeu um aporte de US$ 250 milhões. Foi fundada por Benno Schmidt, ex-presidente da Universidade Yale; Greenberg, ex-publisher da revista "Esquire"; e Chris Wittle, pioneiro em educação.

Quando a escola abriu em Nova York, havia 5.000 candidatos para 125 vagas de professores. Hoje, para o jardim de infância, são 17 candidatos por vaga. Tem 1.500 alunos.
Em São Paulo, terá investimento de US$ 50 milhões e o objetivo é ter 2.000 alunos.

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Raio-x

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Em Nova York
Alunos: 1.500
Preço: US$ 50 mil por ano
Inauguração: 2013

Em São Paulo

Alunos: 2.000
Preço: cerca de R$ 8 mil por mês
Inauguração: ago.2018 (pedidos de matrícula a partir de mar.2017)

Próximas escolas a serem inauguradas
- Miami
- Vale do Silício
- Xangai
- Londres
- Doha

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DEMANDA

A Avenues já está agitando o mercado de escolas internacionais em São Paulo. Seu diretor do ensino médio veio da escola americana Chapel, a diretora de admissões estava na Escola Graduada e a diretora do ensino fundamental era do St. Paul's.

Segundo Greenberg, São Paulo tem uma demanda extraordinária por ensino em escolas internacionais.

Na Escola Graduada, por exemplo, a lista de espera chega a 500 pessoas, e a mensalidade varia de R$ 6.500 a R$ 8.000, mais cerca de R$ 40 mil em taxa de entrada (luvas).

Já na escola britânica St. Paul's, a mensalidade é de cerca de R$ 7.000 (são 13 por ano). O valor da Avenues deve ficar só um pouco acima do cobrado em outras escolas internacionais. Ainda não se sabe se haverá taxa de entrada.

"É maravilhoso que exista uma grande variedade de escolas internacionais em São Paulo. Sabemos que muitos pais não conseguem vagas em escolas internacionais competitivas e o cenário de escolas bilíngues está crescendo", diz a diretora da St. Paul's, Louise Simpson.

Segundo Greenberg, a Avenues não será focada só em filhos de expatriados. A escola terá preparação para os alunos que queiram prestar vestibular e ficar no Brasil. A educação será bilíngue, em inglês e português, e as crianças poderão fazer aulas de mandarim e espanhol.

Todos os alunos da Avenues em São Paulo poderão fazer um semestre ou se transferir para outros campi da escola no mundo. Eles receberão um iPad e um laptop MacBook Air, e todas as aulas usarão sistemas interativos.

Um dos focos é ter projetos interdisciplinares: por exemplo, enquanto alguns alunos usam a cama elástica na aula de educação física, outros estudam os princípios da física envolvidos nos pulos do colega de classe.

"É uma escola que ensina as crianças a pensar e a resolver problemas", diz Patrícia Villela Marino, presidente da ONG Instituto Humanitas 360. "É importante formar uma elite pensante, que vai estudar e investir no país, em vez de pensar 'está difícil, então vamos nos mudar para Nova York'."

Chamada de "embaixadora" da Avenues no Brasil, Patrícia conheceu a escola nos EUA, entusiasmou-se e insistiu muito para que fosse construída em São Paulo.

O colégio terá um programa de bolsas de estudo e serviços comunitários. Em Nova York, 15% dos alunos recebem algum tipo de bolsa.

"Se você pode pagar, vale muito a pena pela estrutura da escola, a tecnologia, o ensino, e também pelo networking", diz Marcela Dias, 34.

Ela morava em Xangai com o marido, Ricardo Dias, que é executivo da AB Inbev, e se mudou para NY. A filha Maya, 5, estuda há 2 anos na Avenues e é fluente em mandarim.

"Acho importante essa tendência de internacionalização, só vejo o perigo de os alunos deixarem de valorizar a cultura do próprio país", diz Neide de Aquino Noffs, professora da Faculdade de Educação da PUC.


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