Folha de S. Paulo


'Não há fórmula mágica na educação', afirma diretor de ONG internacional

Seminário internacional Gestão Escolar

Os programas de transferência de renda condicionada são os que exercem maior impacto positivo sobre a frequência na escola. Os resultados são de um levantamento realizado pela 3ie, ONG internacional voltada para a promoção de políticas e programas de desenvolvimento baseados em evidência.

O estudo investigou 420 projetos implementados em diferentes países e contextos e que possuíam critérios de avaliação bem definidos e comparáveis.

Edoardo Masset, diretor-adjunto da ONG, apresentou a pesquisa em debate realizado durante o seminário internacional Gestão Escolar, promovido pelo Instituto Unibanco e pela Folha, com apoio do Insper, nesta quinta-feira (15) no Teatro Cetip, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

Isso ocorre, segundo ele, porque os programas exigem que a frequência da criança na escola seja comprovada para que o dinheiro seja transferido para a família.

Já para melhora da aprendizagem, programas que atuam em diversas frentes –como construção de novas escolas, formação de professores, melhora de material didático– ao mesmo tempo, são os mais bem-sucedidos.

"Mas não há fórmula mágica na educação", ressaltou Masset. "Não há intervenção nessa área que funcione igual para todos os lugares. Não há garantias que um programa da Colômbia funcionará no Brasil", disse.

Segundo ele, essa é uma especificidade da educação. Por esse motivo, a avaliação mais completa de cada projeto é importante para levar as melhores experiências para outros lugares.

"É muito mais útil entender por que o programa funcionou e que aspectos funcionam melhor. Só assim saberemos o que precisa ser mudado e em que populações ele é mais eficiente", afirmou Pedro Carneiro, economista da University College London, na Inglaterra, que também participou do debate.

Carneiro citou o exemplo de um programa educacional realizado no Senegal. As escolas participantes receberam dinheiro para usar em projetos formulados localmente, mas o aumento nos índices de educação nas escolas do sul do país foram superiores aos índices das escolas do norte.

Ao investigar o que cada escola tinha feito, o economista constatou que as escolas do sul haviam investido mais dinheiro em formação de professores e gestores escolares do que as da outra região, que apostaram mais em materiais didáticos e computadores.

"É importante ter uma avaliação rigorosa do impacto. Se o programa implementado é complexo, a avaliação também precisa ser, com a coleta de mais informação para a análise", afirmou Carneiro.


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