Folha de S. Paulo


PM homenageia policial agredido por deputado do PT na Assembleia de SP

Deputado do PT agride PM

O Comando-Geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, homenagearam nesta terça (10) um policial que foi empurrado por um deputado do PT na Assembleia Legislativa na semana passada, durante um movimento de estudantes que pedia a instauração de uma CPI para investigar desvios na merenda escolar.

Os alunos dormiram no plenário do Legislativo por três dias e saíram por decisão judicial sem atingir seu objetivo.

Homenagens a policiais militares por causa de feitos notáveis são realizadas mensalmente na sede do comando da PM, no Bom Retiro (centro). Mas, desta vez, a cerimônia virou um ato de desagravo com tom político e duras críticas de tucanos ao parlamentar petista.

Foram homenageados o subtenente Marcelo de Carvalho Pina, que foi empurrado pelo deputado João Paulo Rillo, e o tenente Carlos Bordim Neto, que apartou a agressão dentro do plenário da Assembleia, no último dia 3. Os policiais receberam diplomas de reconhecimento das mãos de Moraes, do comandante-geral da PM, coronel Ricardo Gambaroni, e do deputado estadual Coronel Telhada (PSDB).

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
O deputado Coronel Telhada (PSDB) homenageia o subtenente Marcelo de Carvalho Pina, que foi agredido pelo deputado João Paulo Rillo, do PT
O deputado Coronel Telhada (PSDB) homenageia policial agredido por deputado do PT

"Foi um mau exemplo do deputado [Rillo] e um belíssimo exemplo da Polícia Militar. Vimos o bom senso, a serenidade da PM no evento ocorrido na Assembleia Legislativa. Uma tranquilidade que pessoas ligadas a outras instituições não tiveram", discursou Moraes, cotado para assumir o Ministério da Justiça em um provável governo Michel Temer (PMDB).

"Lá na Assembleia tivemos um fato muito triste. Subtenente Pina, isso não vai ficar assim. Essa atitude criminosa tem que ser combatida. A que ponto chegamos", declarou o deputado Coronel Telhada, ex-comandante da Rota. Ele acrescentou que já entrou com uma representação contra Rillo na Assembleia.

Também receberam homenagens 12 PMs que participaram da reintegração de posse do Centro Paula Souza, realizada na última sexta (6). Estudantes de escolas técnicas e secundaristas ocuparam o local para pedir refeições em todas as escolas técnicas estaduais e cobrar investigação sobre a "máfia da merenda".

O secretário Moraes classificou a reintegração de posse do Paula Souza como "brilhante" e disse que eventos como esse "mostram a gama de dificuldades que a Polícia Militar de São Paulo enfrenta para exercer suas atribuições". Estudantes, por sua vez, reclamaram de ter sido arrastados pelos policiais até a rua.

EMPURRÃO E CPI

Um vídeo que mostra o deputado Rillo empurrando o subtenente Pina circulou na internet na semana passada. O parlamentar disse, na ocasião, ter "reagido a uma truculência da polícia, que insistia em retirar os estudantes à força do plenário".

"A ocupação é legítima, é uma manifestação democrática. Infelizmente, a PM começou a agir sem a autorização do presidente da Casa [Fernando Capez, do PSDB]", disse o deputado.

Rillo, porém, admitiu que se excedeu. "Infelizmente, foi uma atitude desnecessária, mas sofri chutes embaixo e os policiais desrespeitaram acordo prévio. Vi os policiais esmagando a mão de uma jovem", disse. "Vergonha é roubar merenda."

O movimento dos estudantes foi contra desvios na compra de merenda pela Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB). São investigados na operação Alba Branca, da Polícia Civil e do Ministério Público, integrantes da administração estadual, ex-assessores de Capez e o próprio presidente da Assembleia. Todos negam participação no esquema que, segundo as investigações, pagava propina a agentes públicos e políticos.

O PT tenta instaurar a CPI da Merenda desde fevereiro. Precisa de 32 assinaturas de parlamentares, mas só obteve 26. Deputados da base governista têm barrado a investigação na Casa.


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