Folha de S. Paulo


USP Leste terá prefeitura própria para cuidar de obras e assistência estudantil

A unidade Leste da USP (Universidade de São Paulo) vai ganhar uma prefeitura própria. O tamanho e complexidade da unidade, localizada em área com solo poluído e que exige ações ambientais permanentes, motivou a decisão.

A decisão foi aprovada nesta terça-feira (19) no órgão máximo da universidade, o Conselho Universitário. Ainda não há data para a efetivação da medida.

Gero/Fotoarena/Folhapress
Campus da USP Leste reabre após seis meses de interdição devido a contatação de gás metano no subsolo
Campus da USP Leste ficou seis meses de interditada por questões ambientais

Criada em 2005, a USP Leste sempre foi ligada administrativamente à prefeitura do campus e aos órgãos centrais da universidade. Agora, uma nova estrutura gestora contará com um prefeito e superintendências de assistência estudantil e de obras. O modelo será o o mesmo do campus da capital e do chamado quadrilátero da Saúde, que envolve a Faculdade de Medicina.

Alguns cargos serão criados e outros, transferidos. O impacto financeiro com o pagamento de gratificações deve ser de 9,16% em relação à antiga organização, segundo cálculos preliminares da Comissão de Orçamento e Planejamento da USP.

Com a falta de uma prefeitura própria, a direção da USP Leste acabava sobrecarregada com assuntos não acadêmicos, segundo servidores. A unidade também contava com menos autonomia para decisões que dependiam de órgão centrais, como no caso de obras, a cargo da Superintendência de Espaço Físico ligada à reitoria.

"É necessário que a unidade possa cuidar mais das questões internas do que das questões do campus", afirmou na reunião a professora Maria Cristina Motta de Toledo, diretora da Each (Escola de Artes, Ciências e Humanidades, que agrupa os cursos da USP Leste).

Em 2014, uma decisão judicial interditou por seis meses a unidade porque a USP não havia realizado medidas de mitigação ambiental da área, como instalar, na época, exaustores de gases tóxicos do solo. Havia o risco de explosões, de acordo com a Justiça.

Por ter sido construída em área de antigo descarte de dragagem do Rio Tietê, toda a área é poluída. Descarte irregular de terras contaminadas no terreno, em 2011, agravaram a situação ambiental da unidade.

A USP Leste fica em um terreno de 300 mil metros quadrados, além de ter uma área vizinha ainda inutilizada. Apesar de receber uma prefeitura, a unidade não ganhará status de campus autônomo à Cidade Universitária. Essa era a primeira reivindicação, que traria autonomia mais ampla.

A argumentação da reitoria é de que o estatuto da USP não permite dois campi no mesmo município. Na época da criação da USP Leste, as regras do estatuto também foram usadas para que apenas cursos não oferecidos na capital fossem abertos na nova unidade.

TAMANHO

A USP Leste tem dez cursos de graduação e dez programas de pós-graduação. Ao todo, abriga 5 mil alunos e 566 professores e servidores.

A Escola Politécnica chegou a abrir uma graduação de Engenharia na unidade, mas a interdição em 2014 impediu o início das aulas na zona leste - o que não se reverteu. No último vestibular, a Poli não ofereceu o curso, mas promete voltar à unidade com uma graduação.

O novo conselho gestor da chamada "Área Capital-Leste" contará com dez pessoas. Além de nomear um prefeito, fará parte os diretores da Each e da Poli, três superintendentes (de assistência social, Tecnologia da Informação e Espaço Físico) e representantes dos professores, alunos, servidores e da comunidade local.


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