Folha de S. Paulo


Com 4 mil sugestões, MEC terá de 'enxugar' base nacional comum

Após o debate sobre o conteúdo do currículo nacional, o Ministério da Educação enfrenta agora um novo desafio: reduzir o volume de informações proposto para as escolas de todo o país.

Lançada em setembro, a chamada base nacional comum reúne 1.700 objetivos de aprendizagem para todas as etapas da educação básica -volume considerado extenso por especialistas e pela própria pasta.

Ali, por exemplo, está previsto que um estudante do 3º ano do fundamental deve aprender a ler e registrar horas e um aluno do 2º ano do ensino médio deve compreender o funcionamento de circuitos elétricos simples.

A primeira versão do currículo foi colocada em consulta pública e, até dezembro, recebeu um universo de 4.000 sugestões. O processo ficará aberto até 15 de março.

Até o mês passado, o MEC registrou um total de 9,8 milhões de contribuições, entre sugestões, críticas e comentários, que seguiram para análise de pesquisadores da UnB e da PUC-Rio.

"Nosso trabalho é de garimpo: estamos em busca da pepita, daquilo que vai chegar aos especialistas [que formularão a base]", diz Marcelo Burgos, professor de ciências sociais e um dos coordenadores da PUC.

O material foi entregue ao grupo em janeiro e servirá de referência para o novo texto.

INCHAÇO

Para Priscila Cruz, diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, a versão inicial está "extremamente inchada e prolixa" e precisa passar por revisão, especialmente no ensino médio, em que está prevista maior variedade de conteúdo.

"O que queremos, no final, é que [o documento] seja a base e não o todo. Senão, ele vai inibir a diversificação de conteúdos e projetos inovadores", afirma.

A proposta do governo federal é contemplar na base comum 60% do currículo das escolas, sendo que o conteúdo restante ficará a cargo dos Estados e municípios.

"A base não pode ocupar todo o tempo disponível, se não vai se tornar um currículo único e asfixiar as trilhas diferenciadas [de formação] dos jovens", completa Antonio Neto, secretário de Educação do Rio de Janeiro.
O MEC informou que a intenção é chegar a uma base "mais concisa" do que a proposta inicialmente".

A expectativa é que esse debate seja concluído até junho deste ano, data limite para a entrega do documento ao Conselho Nacional de Educação, como previsto na lei do Plano Nacional de Educação.


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